Em torno do ano 330 antes de Cristo, o filósofo grego Aristóteles reuniu evidências suficientes para afirmar que a Terra teria uma forma esférica. Ele comprovou algo que já era defendido por Pitágoras, seis séculos antes de Cristo. Mas será que o nosso planeta é realmente esférico?

À medida que a humanidade expandiu seus conhecimentos acerca do Universo, expandiu também seus horizontes e sua visão do Cosmos. Com uma visão limitada, restrita à visão humana daquela época, podíamos enxergar apenas o horizonte, até onde nossa vista alcançava. Esse horizonte era essencialmente plano, logo, na visão humana daquela época, nosso mundo teria que ser plano. 

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Só que Aristóteles conseguiu enxergar mais longe. Ele observou diversos eclipses lunares, e constatou que a sombra da Terra projetada na Lua era sempre circular, independente da posição da Lua no céu. Isso só poderia significar que nosso planeta era esférico.

Por volta do ano 330 a.C, Aristóteles concluiu que a Terra era esférica analisando a forma da sombra da Terra projetada na Lua durante os eclipses lunares. Imagem: Jean-Francois Gout

Dois séculos depois, Eratóstenes de Cirene conseguiu outro feito incrível. Utilizando uma vareta e matemática, ele conseguiu calcular a circunferência da Terra com uma precisão de apenas alguns quilômetros. 

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Diversos estudos posteriores confirmaram e aprimoraram ainda mais a nossa visão sobre o formato da Terra. Até que na metade do século passado pudemos finalmente deixar a superfície do planeta e, a partir do espaço, constatamos de forma inequívoca que a Terra é esférica. 

Agora, se você for um geógrafo, talvez esteja um pouco contrariado, porque sabe que a Terra não é uma esfera perfeita. Na verdade, nosso planeta é uma massa disforme que, desconsiderando o relevo, teria uma forma de geoide. E o que seria um geoide?

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Pra resumir, um geoide é a forma que nosso planeta assumiria se fosse inteiramente coberto por água. Como a gravidade atrai tudo em direção ao centro da Terra, poderíamos imaginar que a tendência é que esse formato seria esférico. Mas não é, e graças a dois motivos. 

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Primeiramente, porque a Terra gira. A força centrífuga gerada pela rotação da Terra é maior próxima à Linha do Equador, e isso diminui a ação da gravidade nessa região do planeta, fazendo com que o globo terrestre seja levemente achatado nos polos. 

Além disso, o interior do nosso planeta não é uma massa uniforme. Pequenas diferenças na composição e densidade da crosta e do manto da Terra produzem pequenas alterações na força da gravidade na superfície, fazendo com que o planeta tenha uma forma irregular. Onde a gravidade é maior, a distância entre o centro da Terra e o nível do mar é menor em relação aos locais onde a gravidade é menor.

Ondulação média do geoide relativamente ao elipsoide de referência – Fonte: Wikimedia

O resultado disso tudo é o geoide, que seria o verdadeiro formato da Terra não fosse o relevo, que torna a superfície do planeta ainda mais irregular. Só que isso não faz da Terra um planeta em forma de batata como vemos em diversas ilustrações por aí. 

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Gráficos como esses são gerados em computador e tem a função de destacar as diferenças de relevo e da gravidade em cada ponto do planeta. Para isso, é utilizada uma técnica de exageramento vertical, que torna essas diferenças bem mais evidentes. Só que, evidentemente, a Terra não tem esse formato de bola de futebol que um cachorro mordeu.

Para gente ter uma boa noção do real formato do nosso planeta, o achatamento nos polos é cerca de 0,3%. Isso torna o diâmetro da Terra medido nos polos, apenas 43 km menor que os 12.756 km medidos no Equador. E a diferença entre essa esfera achatada, que chamamos de “elipsoide de revolução” e o geoide da Terra, não passa de 16 metros em alguns pontos da superfície. 

À esquerda, ondulação geoidal em cor falsa, com relevo sombreado e exagero vertical (fator de escala 10.000). À direita, mesma ondulação geoidal em cor falsa, mas em escala real – Fonte: International Centre for Global Earth Models (ICGEM)

Ainda que consideremos as irregularidades do relevo, elas são insignificantes em relação ao tamanho da Terra. Os 8.849 metros do Monte Everest, por exemplo, representam menos de 0,1% do diâmetro do planeta. 

Claro que muitos cientistas, principalmente os geólogos, precisam considerar todas essas pequenas diferenças para alcançarem resultados mais precisos em seus trabalhos. Mas para nós e para a maioria das pessoas, podemos afirmar que nosso planeta é esférico. Afinal, mesmo considerando o achatamento, as diferenças de gravidade e o relevo, o Planeta Terra ainda é mais perfeitamente esférico do que uma bola de sinuca. 

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