Prós
  • Porta-malas imenso
  • Bom pacote tecnológico
  • Economia de combustível
Contras
  • Preço mais alto por itens de segurança
  • Potência é apenas digna
  • Hatch é mais divertido

Quando a Honda sugeriu testar o New City sedã, depois de já haver testado o hatch, fiquei em dúvida se aceitava. É quase o mesmo carro, não é? Como a agenda testes tinha esse espaço, e como testar dois formatos da mesma linha não deixa de ser uma experiência nova. E o que descobri é que, mesmo com tanta coisa em comum… não. Não é o mesmo carro.

As diferenças são quase, vamos dizer assim, essenciais. Mas estão lá. Um certo espírito do que é o carro, de que espaço ele ocupa neste mundo. Até 2022, o Honda City era uma linha só com sedã – a novidade foi o hatch, introduzido este ano, trazendo um frescor para o modelo. E, se um sedã tem fama de carro para pessoas em uma fase mais formal da vida, é porque realmente a experiência é outra. É, sim, um carro mais, vamos dizer assim, senhor.

Honda City sedã: o irmão mais velho

A diferença visual, obviamente, é a entre um hatchback e um sedã: o último mais longo e um pouco mais baixo. A frente é tão atraente quanto, com muito cromado, uma cara um tantinho invocada sem entrar no território da intimidação.

Frente do Honda New City Sedan
Imagem: Fábio Marton/Olhar Digital

A traseira do sedã me pareceu mais inspirada um pouquinho.

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Traseira do Honda New City sedã
Imagem: Fábio Marton/Olhar Digital

Na direção, pela diferença do formato, ele é mais bem comportado que o irmão. Isso vem para bem e para mal. Pessoalmente, eu tive mais prazer em dirigir o hatch, mas isso sou eu. É aquilo da essência: um carro um pouco mais dinâmico no hatch ou um pouco mais firme no sedã. Mas continuam próximos: é meio a diferença em, pra ficar numa metáfora, roupas sociais e smart casual.

E ser mais formal é assim: a direção do New City Senda é muito confortável e sem surpresas – não que o hatch seja nervosinho. Passa a sensação firme de segurança, e múltiplos sistemas baseados em câmera, na versão Touring, reforçam essa sensação.

Pacote generoso de tecnologia

A câmera traseira não é de alta resolução, mas tem um alarme, que indica exatamente em qual parte do carro há proximidade perigosa. É muito útil em vagas complicadas, mas também ajuda a perceber pedestres próximos.

A câmera do retrovisor, uma vantagem sobre a concorrência, tem o defeito de ser intrusiva. Quando algo é detectado no ponto cego, ela é ligada e toma todo o espaço da central de mídia. Acabei perdendo uma entrada porque ela foi ativada, sobrescrevendo o GPS e tornando impossível ver o que exatamente era para fazer.

Falando em GPS, o sistema de mídia é baseado em Android Auto e funciona por Bluetooth, diferente de outros carros recentes, que só aceitam cabo. É muito útil porque cabo pode perder a conexão com facilidade, e você perde o som e o GPS com isso.

Volante do Honda New City sedã
Imagem: Fábio Marton/Olhar Digital

Outra coisa no pacote tecnológico é o sistema de automação, baseado nas câmeras múltiplas. É competente, mas o resultado vai muito da estrada – faça o que sistema honestamente sugere fazer ao avisar quando você tira a mão do volante. Não confie. Você ainda é o motorista.

Na primeira experiência, fiz o quase milagre de andar 150 km sem precisar guiar. Foi de noite e, talvez, o contraste maior tenha ajudado ao carro a permanecer sem erro na pista. Nos testes com o sedã, não tive a mesma sorte. Mas certamente isso é uma característica da tecnologia, não diferença entre os modelos.

Porta malas do Honda City sedã é imenso

A principal vantagem do sedã sobre o hatch é o espaço. Quando falei do primeiro, uma das críticas principais foi justamente o porta-malas minúsculo. Isso era compensado por bancos altamente configuráveis. Isso mas não é necessário no New City sedã: são 519 litros de porta-malas (contra 268 do hatch). É uma caixa d’água pequena. Não tem como reclamar aqui. Carros de luxo geralmente tem menos que isso.

Porta-malas do Honda New City sedã
Imagem: Fábio Marton/Olhar Digital

O preço é quase igual. O desempenho, com o mesmo motor 1.5 aspirado e quase o mesmo peso (1.180 kg para o hatch e 1.170 kg para o sedã) é comparavelmente nada super empolgante, apenas se portando com dignidade. Ambos levam por volta de 10,2 segundos (alguns testes revelaram mais) para ir de 0 a 100 km/h.

O ponto forte não é potência. Esse é a economia: chegando a 8,6 km/l na cidade e 10,3 km/h com etanol, ou 12,4 km/l e 14,6 km/l em gasolina – e, quando usei gasolina no outro teste, cheguei a ver até 17 na previsão no painel. Você precisa ativar o modo econômico (a folhinha ecológica) para chegar ao melhor desempenho de combustível, o que limita o carro um pouquinho mais.

O interior do sedã também põe motoristas e passageiros numa posição ligeiramente mais baixa, mas não chega a parecer esportiva. É, como no hatch, confortável, em couro real branco, e o banco do motorista conta com um sistema mecânico especial adaptativo para proteger a lombar. Que funcionou muito bem: palavra de quem tem sempre dor na lombar ao viajar mais longe.

Interior do Honda New City sedã
Imagem: Fábio Marton/Olhar Digital

Outra vantagem do New City sedã: no hatch, havia um calombo na carroceria do lado do pé esquerdo do motorista. Era impossível deixar o pé reto, na posição de descanso. No sedã, o espaço ainda não é perfeito, o pé fica um pouco diagonal, mas foi possível dirigir com o pé no lugar certo.

Enfim, o que a gente pode concluir do Honda New City sedã? É, como seu irmão, um bom pacote tecnológico e de segurança, pelo preço R$ 127,7 mil na versão Touring, a que testei. É infelizmente o que hoje é considerado o valor de um veículo intermediário no Brasil. A versão mais básica, a EX, não conta com a câmera no retrovisor, um item de segurança, nem recursos de direção automática, e sai por R$ 113 mil.

É, enfim, um take diferente para o mesmo carro. Ganha espaço, ganha alguns detalhes melhores, perde um pouco (se você tem o mesmo gosto por carros que eu), em prazer de dirigir. Não muito. No fim das contas, importa o que você quer de seu carro.

Nossa avaliação
Nota Final
8.4
  • Design
    8.0
  • Conforto
    9.0
  • Potência
    7.0
  • Custo-benefício
    9.0
  • Acessórios
    9.0

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