Na visão do profissional de tecnologia, o momento atual de construção do Open Finance é equivalente ao começo da internet: repleto de possibilidades e com desafios inéditos. Sem falar no potencial disruptivo de mudar a forma como interagimos com as finanças, com o brasileiro se tornando realmente dono dos seus dados financeiros.

Para isso acontecer, no entanto, a palavra-chave é tecnologia – o que gera uma perspectiva de crescimento interessante para os profissionais de TI. Prova disso é o levantamento da consultoria de recrutamento Robert Half, que aponta um crescimento de 38% na demanda por profissionais qualificados para o Open Banking (entre outubro de 2021 e março de 2022). Dentre as áreas de destaque dentro de Open Banking estão tecnologia; digital e project management office (PMO); e product owner (PO). Desenvolvedor e engenheiro de software estão entre os mais procurados.

Como o líder da área de tecnologia da Quanto, empresa focada em Open Finance, acompanho o dia a dia de desbravar esse setor e superar esses desafios. Se pararmos para pensar, o compartilhamento de dados sempre existiu, porém de uma forma bastante rudimentar. No caso de dados bancários, por exemplo, era necessário imprimir o extrato de banco para comprovar informações ou preencher à mão uma ficha cadastral (com os riscos de os dados passados ali não serem comprovados facilmente).

Ricardo Cabral é formado em engenharia da computação e de software pela PUC-RJ. Imagem: Divulgação

Já com o Open Finance a segurança do processo e de quem tem o acesso às informações do mercado aberto seguem uma série de protocolos globais e padrões estabelecidos pela Estrutura de Governança do Open Banking no Brasil. As instituições financeiras atuam dentro de um ambiente seguro, controlado e utilizam os dados do Open Finance para conhecer melhor seus clientes e criar produtos e serviços personalizados e adequados ao perfil financeiro de cada pessoa.

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Neste primeiro ano do Open Finance, estamos construindo as bases de uma nova dinâmica de mercado que vai mudar a relação dos brasileiros com as finanças. Diferente do Pix que é um produto em si, o Open Finance trata da criação de um novo ecossistema. É a construção de “dutos” para facilitar o compartilhamento e troca de informações entre instituições, sempre mediante o consentimento dos consumidores. Garantir que esse primeiro contato seja uma boa experiência deve ser a prioridade e é preciso assegurar a consistência e estabilidade dessa implementação.

Algo que eu reforço no dia a dia para o meu time é trazer o olhar de simplicidade para a tecnologia, não focando em resolver o problema para encaixá-lo em determinada linguagem ou ferramenta, mas, sim, em qual é a melhor saída para o que precisa ser resolvido e entregue. Trabalhar em tecnologia com algo que ainda está sendo construído, junto ao Banco Central, possibilitou no último ano um modo de trabalho de testar, aprender e compartilhar, quase como um laboratório e agora é o shift para execução do Open Banking, já mirando na sua evolução o Open Finance. E os dados bancários são só o começo, caminhamos para o Open Data, com a integração total de todas as informações, com os profissionais de tecnologia tendo mais esse desafio de construir toda a infraestrutura por trás deste novo ecossistema.

Ricardo Cabral é CTO da Quanto, empresa de tecnologia para Open Finance

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