Pousar em Marte não é fácil, ainda mais se o veículo for um foguete. Isso ocorre porque a gravidade no Planeta Vermelho é muito mais densa que a da Terra. É um desafio tão complicado que, das 40 missões enviadas pela NASA, menos da metade é bem sucedida. Número baixo (e assustador) para quem um dia planeja levar pessoas para lá. Tudo indica, porém, que os cientistas espaciais descobriram como conseguir executar a manobra com mais êxito.

Para você entender melhor a diferença de aterrissagem na Terra e em Marte, o Olhar Digital explica: ao retornar para a Terra, a aeronave recebe “ajuda” da atmosfera daqui, uma vez que ela é relativamente espessa e faz sua velocidade diminuir. Em Marte, por sua vez, a atmosfera é mais fina e o ar, em contraponto, mais denso. Exemplificando, o ar marciano é espesso tanto quanto o ar da Terra a 30 mil metros de altitude, mais de três vezes o tamanho do Monte Everest.

“Eu chamo isso de atmosfera anti-Cachinhos Dourados”, afirmou Jim Reuter, administrador associado da NASA. “É grosso o suficiente para causar problemas e não fino o suficiente para ajudá-lo”, acrescentou.

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Marte. Imagem: Nazarii_Neshcherenskyi – Shutterstock

E qual seria a provável solução descoberta pelos cientistas?

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Para tentar driblar este enorme obstáculo da física, os engenheiros da NASA desenvolveram um escudo térmico inflável que pode ser a chave para a vitória. Chamado de desacelerador aerodinâmico hipersônico inflável, ou HIAD, o hardware pode ajudar a Agência a pousar astronautas e cargas maciças no Planeta Vermelho no final da década de 2030.

No início desta semana, cientistas e engenheiros do Langley Research Center, da agência espacial na Virgínia, se reuniram para ver o escudo térmico inflado pela última vez na Terra. A tecnologia entrará em órbita em novembro deste ano, à bordo de um foguete Atlas V, da United Launch Alliance. É o primeiro teste para a tecnologia que pode colocar humanos em Marte.

A missão, conhecida como Teste de Vôo de Órbita Baixa da Terra de Bernard Kutter de um Desacelerador Inflável – ou apenas LOFTID – levará o experimento em uma viagem ao redor da Terra por meio de um satélite meteorológico, com passagem pelos pólos Norte e Sul. O HIAD permanecerá no lugar até depois da entrega do satélite e, em seguida, inflará quando a espaçonave retornar à Terra.

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Demonstração do escudo térmico inflável que será lançado em novembro. Imagem: NASA

Demonstração em Terra e composição da tecnologia

Na quarta-feira (15), o escudo de calor envolto em cinza metálico foi testado pela equipe da NASA. Com o formato de uma tampa de cogumelo gigante, o hardware inchou em um laboratório cavernoso. O HIAD tinha 6 metros de largura, com uma passarela estendida por cima para que cientistas e engenheiros a atravessassem.

O sistema é composto por uma pilha de anéis semelhantes a tubos internos amarrados juntos. A NASA afirma que o material sintético usado no equipamento é 15 vezes mais forte que o aço e é capaz de suportar temperaturas acima de 1,5 mil graus Celsius. A ideia é implantá-lo o mais alto possível na atmosfera de Marte, expandindo as opções de pouso da NASA nas terras altas do sul do Planeta Vermelho.

Pesquisadores da NASA Langley demonstram a inflação de um escudo térmico pela última vez na Terra. Imagem: Elisha Sauers/Mashable

Para os cientistas, essa solução é mais realista do que “pacotes de paraquedas do tamanho de campos de futebol” ou “dezenas de toneladas extras de combustível de foguete”.

“Com a tecnologia clássica, você pode pousar cerca de 1,5 tonelada métrica. Isso é o equivalente a um carrinho de golfe bem instrumentado”, disse Del Corso, da NASA, ao site Mashable. “Com 20 a 40 toneladas, estamos falando de uma casa de fazenda, toda mobiliada com um carro na garagem. É isso que você tem que ter”, finalizou.

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A missão de US$ 93 milhões (cerca de R$ 480 milhões) é uma parceria da NASA com a United Launch Alliance, que fornecerá o passeio e a recuperação dos equipamentos após o lançamento. Se tudo der certo, o escudo térmico reduzirá a velocidade do foguete LOFTID de mais de 25 vezes a velocidade do som para menos de 910 km/h.

“Este é um salto gigante na tecnologia aeroshell”, alegou Barb Egan, diretora do programa espacial civil da empresa, “para poder trazer nossos motores de volta com rapidez, facilidade, segurança e reutilizar essa tecnologia em vez de jogá-la fora”, concluiu.

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