Alan Turing é uma das personalidades mais importantes da história da tecnologia moderna, mas teve sua carreira e vida abaladas pelo preconceito.

O matemático britânico Alan Turing contribuiu enormemente para a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, é considerado o pai da computação, criou uma base inestimável em estudos sobre inteligência artificial e dedicou boa parte de sua vida ao governo inglês contribuindo para decifrar códigos que mudaram a história.

Nascido em Paddington, na Inglaterra, em 23 de junho de 1912, Alan Mathison Turing já se interessava por ciência desde muito jovem, desenvolvendo um apreço principalmente pela lógica. Ele tinha conhecimentos avançados em matemática desde jovem, e se formou pela Universidade de Cambridge em 1931.

Logo Turing virou seu foco para um objetivo específico: a criação de uma máquina capaz de materializar a lógica humana e solucionar cálculos em forma de algoritmo, que ficou conhecida como Máquina de Turing, um protótipo do que conhecemos hoje como computadores.

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Entre 1940 e 1941, o matemático trabalhou no Government Code & Cypher School, e foi fundamental para a criação da Enigma, uma máquina capaz de decifrar códigos utilizados por nazistas na Segunda Guerra Mundial, o que forneceu uma vantagem considerável ao governo britânico, junto aos Aliados, conseguir a vitória sobre os alemães.

A criação da Enigma, inclusive, foi tema do filme “O Jogo da Imitação”, que trouxe um recorte da vida do brilhante matemático Alan Turing.

Anos após a guerra, ajudou na criação do Manchester Mark I, um dos primeiros computadores a servir de base para o que temos hoje.

Condenação

No entanto, nada disso impediu que Turing fosse condenado, preso e punido simplesmente por ser homossexual.

É que Alan Turing enfrentou um processo criminal por “atos homossexuais e indecência” depois de admitir viver um relacionamento com um homem. A homossexualidade foi considerada como crime na Inglaterra até 1969.

Ele foi condenado e destituído de seu posto no centro inglês de decifração de códigos, Bletchley Park. Para evitar a prisão, Turing optou pela castração química, com injeções de hormônios femininos, o que causou impotência sexual e outros problemas. Além disso, ele foi proibido de trabalhar e de entrar nos Estados Unidos, dada a condenação.

Apenas dois anos depois da condenação, Alan Turing morreu, aos 41 anos, no dia 7 de junho de 1954, vítima de intoxicação por cianeto. Oficialmente, a morte é considerada como tendo sido acidental, mas existem dúvidas quanto à possibilidade de suicídio ou até mesmo assassinato.

Apenas em 2009, mais de 50 anos depois de sua morte, Alan Turing recebeu um pedido de desculpas em nome do governo, partindo do primeiro-ministro inglês Gordon Brown, e em 2013, ele recebeu um “perdão” póstumo da Rainha Elizabeth II pela condenação de “prática homossexual”.

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No entanto, algo mais significativo aconteceu em 31 de janeiro de 2017, quando foi criada uma lei no país batizada de Lei Turing, que concedeu perdões a quase 50 mil pessoas que foram condenadas simplesmente por serem parte do que hoje conhecemos como comunidade LGBTQIA+.

Em 2019, ele foi escolhido para ter seu rosto estampando a nota de 50 libras, moeda oficial do Reino Unido, em circulação desde 2021.

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