Com exceção do ornitorrinco e equidna, mamíferos são animais que geram seus descendentes em uma placenta. A maior dificuldade dos cientistas para estudar a evolução desse e outros órgãos e tecidos moles é que eles não deixam tantas evidências fósseis como ossos e dentes.

Agora, em uma nova pesquisa, os estudiosos usaram padrões de expressão gênica, chamados transcriptômica, para investigar as origens da placenta. O órgão muda entre os mamíferos, com as placentas humanas sendo mais invasivas, ocupando toda a parede do útero até o tecido materno e em outros apenas tocando a parede uterina.

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Assim, Vincente J. Lynch, professor associado de ciências biológicas da Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Buffalo se perguntou: que tipo de placenta eram placentas precoces. Com os padrões de expressão gênica, o autor sênior e seus colegas reconstruíram a evolução do órgão para entender como era a do último ancestral comum de mamíferos eutérios.

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“Nossos dados nos dizem que essa placenta era invasiva e que as placentas não invasivas evoluíram várias vezes entre os mamíferos. Isso aborda um mistério de 150 anos: as pessoas vêm debatendo que tipo de placenta era a primeira desde então”, emendou o professor.

Além dos dois animais citados no começo, que são monotremados, há ainda os marsupiais como exceções da placenta sendo vital em gestações longas, auxiliando o desenvolvimento do feto. O órgão também evoca uma resposta fisiológica da mãe muito forte.

A pesquisa de Lynch, junto a Katelyn Mika, estudante de pós-doutorado em genética humana e biologia e anatomia do organismo na Universidade de Chicago, Camilla M. Whittington e Bronwym M. McAllan, da Universidade de Sydney, foi publicado na eLife, na última quinta-feira (30).

placenta humana
A placenta humana é bastante invasiva. Imagem: karegg/Shutterstock

“Nossa capacidade de perguntar como a placenta pode ter funcionado em diferentes pontos durante sua evolução usando os perfis de expressão gênica de animais atualmente existentes para reconstruir os ancestrais é uma abordagem muito legal e nos fornece mais informações sobre como a mudança da expressão gênica pode contribuir para a evolução de uma nova característica”, avaliou Mika.

A equipe comparou genes ativos no útero de cerca de 20 espécies de mamíferos durante a gestação. Eles descobriram que os perfis de expressão gênica se correlacionavam com o grau de invasão placentária. Em seguida, usaram os dados para explicar como era a placenta em mamíferos ancestrais.

Mas, ainda há o que estudar. Segundo os autores, é preciso pesquisar em um número maior de espécies para determinar a força das descobertas. Os resultados podem ainda beneficiar a medicina moderna.

“Saber quais genes estão ativos entre as diferentes espécies durante a gravidez nos diz como funciona a evolução. Mas também nos fala sobre o que torna uma gravidez saudável e como as coisas podem dar errado. Estamos descobrindo os genes que estabelecem o tipo certo de ambiente para gestações humanas saudáveis. Se esses genes não forem expressos da maneira certa, isso pode dar origem a problemas”, completou Lynch.

Via: Phys

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