Um biocombustível baseado em uma molécula antifúngica feita por bactérias estreptomicetos foi desenvolvido por uma equipe de pesquisa liderada por cientistas do Lawrence Berkeley National Laboratory, ligado à Universidade da Califórnia, nos EUA. Segundo os autores do estudo, publicado recentemente na revista Joule, o produto pode ser uma solução ambientalmente amigável para futuros lançamentos de foguetes.

Concepção artística de combustível de foguete produzido por bactérias que poderia ter uma variedade de aplicações na Terra e no espaço. Imagem: Jenny Nuss/Berkeley Lab

Em um comunicado emitido pelo Berkeley Lab, os cientistas responsáveis pelo projeto disseram que essa alternativa ecológica potencial para foguetes que despejam carbono na atmosfera da Terra também pode ter significativamente mais densidade energética do que os combustíveis usados hoje em dia.

Ou seja, o combustível produzido a partir das moléculas pop-FAMEs (abreviação em inglês para “ésteres metílicos de ácidos graxos policiclopropanos”) poderia impulsionar foguetes além de suas capacidades atuais, segundo os pesquisadores.

“Como esses combustíveis seriam produzidos a partir de bactérias alimentadas com matéria vegetal, queimá-los em motores pode reduzir significativamente a quantidade de gás de efeito estufa adicionado em relação a qualquer combustível gerado a partir do petróleo”, disse Jay Keasling, CEO do Instituto Conjunto de Bioenergia do Departamento de Energia dos EUA, no mesmo comunicado.

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De acordo com o site Space.com, enquanto ambientalistas afirmam que os voos espaciais precisam de novas soluções, especialmente à medida que o número de lançamentos aumenta, defensores da exploração, por outro lado, apontam que o espaço tem uma quantidade relativamente pequena de pegada de carbono em comparação a outras indústrias.

A estrutura das moléculas pop-FAMEs inclui anéis de carbono triplo em forma de triângulo que esticam ligações carbono-carbono em um ângulo extremo de 60 graus. Essa “deformação” produz alta energia de combustão potencial e também permite que as moléculas de combustível se comprimam em um volume relativamente pequeno.

Para os autores do projeto, essa combinação de características pode funcionar muito bem para o voo espacial, uma vez que os engenheiros estão constantemente tentando reduzir a massa de lançamento para economizar combustível e custo.

Dados de simulação sugerem que os POP-FAMEs podem produzir valores de densidade energética de 50 megajoules por litro de combustível. Esse é um aumento notável sobre a gasolina (32 megajoules por litro) e o RP-1, um combustível de foguete à base de querosene que faz cerca de 35 megajoules por litro.

A equipe agora está trabalhando para aumentar a eficiência de produção das bactérias para testes de combustão e para criar moléculas adicionais de diferentes comprimentos para aplicações de combustíveis sólidos, a jato e diesel. Futuramente, os cientistas esperam usar os alimentos residuais de plantas como fonte para tornar o processo de geração de combustível neutro em carbono.

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