O satélite CAPSTONE, lançado pela NASA há cerca de uma semana, conseguiu escapar da órbita da Terra e iniciou, finalmente, a sua viagem rumo à Lua, onde deve chegar daqui a aproximados quatro meses.

A jornada do CAPSTONE à Lua, no entanto, teve diversas turbulências antes mesmo de sair da Terra, considerando que o lançamento do satélite do tamanho de um forno de microondas foi adiada repetidas vezes (seis, pela nossa conta, fora uma suspensão temporária) até ser lançado pela Rocket Lab na península Mahia, na Nova Zelândia.

Leia também

O pequeno satélite CAPSTONE vai coletar informações da Lua para auxiliar a NASA no desenvolvimento de novas tecnologias para o Programa Artemis
O pequeno satélite CAPSTONE vai coletar informações da Lua para auxiliar a NASA no desenvolvimento de novas tecnologias para o Programa Artemis (Imagem: NASA/Reprodução)

“Provavelmente levará um tempinho até ‘cair a ficha’”, disse Peter Beck, fundador da Rocket Lab, à Associated Press. “Este projeto nos tomou dois anos, quase dois anos e meio e é simplesmente, incrivelmente difícil de ser executado. Então ver [o CAPSTONE] dar esse resultado e ver a nave a caminho da Lua é algo absolutamente épico”.

publicidade

A missão CAPSTONE chamou a atenção de entusiastas da astronomia pela suposta “demora” com a qual o satélite chegará à Lua. A missão Apollo 11, de 1969, levou entre três e cinco dias para alcançar o satélite.

Isso se dá porque, ao contrário do foguete Saturn V, que levou Neil Armstrong, Edwin “Buzz” Aldrin e Michael Collins à Lua, o foguete da Rocket Lab tem “meros” 18 metros (m) de altura e é mais apreciado pelo seu desempenho no lançamento de artefatos à órbita da Terra, e não viagens de longas distâncias – a Terra e a Lua são separadas por cerca de 385 mil quilômetros (km). É pouco em termos astronômicos, mas é um “pouco” ainda considerável para a nossa escala de percepção.

Por isso, o CAPSTONE está seguindo um modelo de viagem eficiente por uma rota conhecida como “transferência lunar balística” (BLT). Essencialmente, um caminho que preza pela economia de combustível.

“Os BLTs são um tipo de transferência de baixa energia em que uma nave espacial lança 1-2 milhões de quilômetros de distância da Terra (onde a perturbação da gravidade do sol se torna dominante), então retorna à Terra com um raio maior de perigeu do que antes e um plano de órbita geocêntrico diferente”, explica o documento que descreve a trajetória da empresa Colorado Advanced Space, que opera a CAPSTONE em parceria com a NASA.

Basicamente, a nave dá uma volta na Terra e pega um “embalo” usando a força gravitacional do Sol para se lançar para fora da nossa órbita. Na prática, não é a propulsão da nave que a joga para fora de nós, mas sim o “efeito estilingue” dessa manobra.

Ao chegar à Lua, o CAPSTONE será o primeiro objeto humano no nosso satélite a seguir uma órbita chamada de “halo retilíneo”, uma forma pomposa de dizer que o artefato vai desenhar o formato de um ovo, com uma passagem sendo incrivelmente próxima da superfície lunar, e a outra bem mais distante.

A ideia é capturar diversos tipos de informações e devolvê-las à NASA, para que a agência espacial americana as use para desenvolver a Lunar Gateway, uma espécie de base orbital próxima à Lua – pense na Torre da Liga da Justiça, da DC Comics, só que sem o Batman e o Superman.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!