Uma espécie ancestral do pombo doméstico moderno foi encontrada por pesquisadores em colônias isoladas na Escócia e Irlanda, tempos depois de ser declarada extinta na Inglaterra e País de Gales.

O pombo comum – Columba livia ou, menos popular, “pombo-das-rochas” – vive uma situação hibridizada: eles não são exatamente selvagens, no sentido prático da palavra, mas também não são exatamente domesticados, geralmente criando colônias por conta própria em ambientes remotos, porém próximos da urbanização.

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O ancestral do pombo comum acabou cruzando com sua espécie contemporânea, dando origem a uma hibridização do animal que está suplantando os animais precursores, quase levando-os à extinção
O ancestral do pombo comum acabou cruzando com sua espécie contemporânea, dando origem a uma hibridização do animal que está suplantando os animais precursores, quase levando-os à extinção (Imagem: OlegRi/Shutterstock)

O ancestral do pombo comum, no entanto, tem enfrentado amplo declínio de sua sociedade. Normalmente, estes animais costumam se esconder em locais de difícil acesso, como em cavernas marítimas ou áreas montanhosas. Por causa disso, eles vêm se tornando mais e mais raros e, consequentemente, mais próximos da extinção.

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Segundo Will Smith, autor de um novo estudo nos animais selvagens e estudante de doutorado da Universidade de Oxford, parte desse problema vem da “inter relação de espécies”, ou seja, pombos selvagens acasalando com pombos comuns, o que dá origem aos chamados “pombos ferais” – versões híbridas de ambos os animais que, embora não 100% selvagens, agem como se o fossem. E estes são tão numerosos que estão, aos poucos, substituindo os animais mais raros, embora eles, visualmente falando, sejam virtualmente iguais.

Por isso, os pombos selvagens ancestrais agora vivem em sociedades bem fechadas, onde há pouca presença humana e seus filhos híbridos ainda não puderam colonizar. Embora alguns cientistas acreditem que eles sequer existam mais, outros afirmam que regiões promissoras – como as Ilhas Faroe ou partes da Escócia – ainda podem guardar colônias.

Por meio de uma colaboração com o Fundo Britânico de Ornitologia, os pesquisadores liderados por Smith conseguiram realizar capturas e análises de DNA para determinar se os pombos encontrados nessas colônias de fato correspondem ao ancestral selvagem do pombo comum.

A resposta foi simples e direta: embora não sejam “os” ancestrais de fato, os pombos da amostragem da pesquisa estão mais próximos da “pureza” de DNA deles que seus parentes ferais. Dependendo do lugar, há variados graus de cruzamento de espécies – aqueles encontrados em Orkney, por exemplo, estão sob maior risco de serem suplantados pela espécie híbrida. Já os exemplares de Outer Hebrides são praticamente iguais aos seus precursores.

“Nós identificamos a ancestralidade dos pombos ferais nas populações das quais tiramos amostras, e pombos ferais existem na Europa por centenas de anos. Por isso, foi mesmo uma surpresa descobrir que os pombos-das-rochas de Outer Hebrides mostraram sinais negligíveis de hibridização”, disse Smith.

Entretanto, o pesquisador reconhece que todas as amostras estão em risco: pombos ferais híbridos foram avistados e relatados nas regiões pesquisadas, com cada vez mais frequência. Como resultado, é bem provável que as populações que já são pequenas continuem encolhendo.

O estudo completo foi publicado no portal científico iScience.

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