Documentos vazados, apelidados de “Uber Files”, estão trazendo e-mails e mensagens de texto trocadas entre o ex-CEO Travis Kalanick e outros executivos, entre 2013 e 2017. Neles, a empresa surge como disposta a tomar certas atitudes que muitos de seus próprios executivos viam como “ilegais”, inclusive com relação a atos de violência.

Um exemplo nesse sentido, segundo os vazamentos, ocorreu em 2016. Naquele ano, Kalanick teria dado ordens aos seus funcionários na França para incentivarem motoristas Uber franceses a participar de atos de manifestação realizados por taxistas locais.

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Um ex-executivo sênior do Uber, que trabalhou com Kalanick durante protestos de motoristas de táxi no país europeu na época, lembrou que o ex-CEO estava tentando estrategicamente “armar motoristas” e manter “a controvérsia acesa”. O interesse estava em pressionar funcionários do governo da França a adotar políticas em favor do aplicativo.

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A violência “garante o sucesso”

Quando um executivo alertou que “bandidos de extrema direita” faziam parte dos protestos, o ex-CEO reagiu, dizendo achar que valeria a pena. “A violência garante o sucesso”, teria dito Kalanick.

Outros executivos também pareciam dispostos a deixar a violência continuar, em um esforço para pressionar os governos a privilegiar o Uber com relação a certos regulamentos. “Mantemos a narrativa da violência por alguns dias, antes de oferecer a solução”, escreveu um gerente.

Em resposta ao vazamento, obtido pelo jornal The Guardian e baseado em 124 mil documentos internos da empresa, Mark MacGann disse estar envergonhado. O chefe de políticas públicas do Uber para Europa, Oriente Médio e África, disse que “não há desculpa para como a empresa jogou com a vida das pessoas. Estou enojado e envergonhado por ter participado da banalização de tal violência”.

Por sua vez, o Uber soltou uma nota sobre os conteúdos do vazamento, dizendo que não tem e nem pedirá desculpas para comportamentos passados ​​que não estão alinhados com seus valores atuais. “Em vez disso, pedimos ao público que nos julgue pelo que fizemos nos últimos cinco anos e pelo que faremos nos próximos anos.”

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Via Engadget e Business Insider