Capital da Bélgica, Bruxelas abriga a sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e é o coração da União Europeia. Com um estrangeiro a cada três habitantes, a cidade é também o local perfeito para espiões, com uma grande quantidade de russos e chineses operando diretamente do local.

De acordo com reportagem da Rádio França Internacional (RFI), Bruxelas expulsou, há três meses, 21 pessoas que trabalhavam para a embaixada e consulado russos. Eles eram suspeitos de envolvimento em operações de espionagem e influência, ameaçando a segurança nacional, de acordo com Sophie Wilmès, ministra das Relações Exteriores.

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Mas, por que a Bélgica é visada pelos espiões? Bruxelas, especificamente, atrai não só pelas pessoas de alto escalão do Conselho Europeu ou da Otan. Cidadãos relativamente comuns podem ser alvos de espionagem. “Uma multidão de pessoas extremamente importantes vem para este país e é interessante aproximar-se delas”, disse o professor de segurança cibernética da Universidade Católica de Louvain Axel Legay, em entrevista à emissora belga RTBF.

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Além da questão política, há também grandes empresas no país. “Você tem o chefe da Alstom que pode vir à Bruxelas falar com um deputado europeu. Amanhã podemos ter o patrão da Cisco, ou o patrão do Meta, o Facebook, que vem à Comissão Europeia para se defender. Todas essas pessoas se encontram aqui”, listou Legay.

Esse trânsito elevou a capital belga ao patamar de Washington e Nova York, nos Estados Unidos, ou Genebra, na Suíça. Agora, a Segurança do Estado tenta avaliar a quantidade de espiões dentro do país todo. A estimativa atual é de que esteja na casa das centenas, com alguns mais discretos que outros.

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“Espiões em todos os lugares, talvez não, mas há muitos deles. É um exercício que estamos tentando fazer, mas é um exercício bastante complexo”, explicou o chefe da Segurança do Estado, Pascal Petry também à RTBF. A espionagem em Bruxelas vai desde política e militar à industrial e científica.

Bruxelas é o coração da União Europeia. Imagem: VanderWolf Images/Shutterstock

Apesar do problema, a Bélgica não classifica espionagem como crime. De acordo com a lei do país, só é crime se as informações classificadas como interesse nacional forem comunicadas a uma potência hostil ou estrangeira.

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Expulsão de espiões russos

Os russos foram credenciados como diplomatas, disfarçados de técnicos, faxineiros, adidos e representantes comerciais, mas trabalhavam mesmo como espiões. Com a decisão pela expulsão, os 21 russos tiveram um prazo de duas semanas para deixar a Bélgica. Eles foram escorraçados como uma maneira de reagir a invasão da Rússia à Ucrânia, no final de fevereiro deste ano.

Os espiões eram membros de elite da Diretoria Principal do Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Federação Russa, do Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia e do Serviço Federal de Segurança da Rússia. O embaixador Alexei Kuksov e o vice-adido de defesa da embaixada da Rússia em Bruxelas, Alexei Kozhnevnikov, estavam entre eles.

Mas, não foi só Bruxelas, capital da espionagem, que colocou para fora russos após o início da guerra. Nesses quase cinco meses, 280 diplomatas do país já foram expulsos da Europa. Nem todos, claro, sob alegação de espionagem, sendo a maior retaliação diplomática desde o fim da Guerra Fria, em 1991.

Via: RFI

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