Outra doença, os mesmos erros. É assim que o Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) enxerga o enfrentamento do Brasil à varíola dos macacos. O país está lutando contra o novo vírus da mesma maneira que combateu a Covid-19.
Para Nésio Fernandes, médico sanitarista, secretário de saúde do Espírito Santo e presidente do Conass, o Brasil precisa ampliar a testagem, atualizar as orientações de isolamento de casos e correr atrás de vacinas. Essas são as ações mais urgentes no combate à doença, antes que a crise se agrave.
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“Na nossa avaliação, o Brasil corre o risco de repetir os erros cometidos no começo da pandemia de Covid-19. Com o coronavírus, não tivemos critérios de testagem para casos suspeitos logo no início. À época, isso impediu que o país conhecesse o real tamanho do problema com o qual estávamos lidando”, disse, em entrevista à BBC Brasil.
O presidente do Conass enxerga ainda um “silêncio epidemiológico” em regiões do país sobre o vírus mokeypox. Ou seja, ele se espalha pela população sem ser detectado pelos serviços de saúde. Isso porque cada estado está agindo de maneira independente. Nésio destaca que é preciso uma coordenação nacional.
Apesar de ver erros similares, o médico sanitarista destaca a diferença entre o coronavírus e o transmissor da varíola dos macacos. “A doença causada pelo monkeypox, mesmo com uma letalidade mais baixa, circula numa velocidade relevante e em proporções internacionais”, disse.
Até agora, no Brasil, foram confirmados mais de 800 casos da varíola dos macacos. O mundo todo já soma mais de 17 mil ocorrências do vírus. No último sábado (23), a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou emergência de saúde pública de importância internacional.
“Precisamos entender que o Brasil é um ponto de grande circulação de pessoas. Ter essa doença descontrolada no nosso país representa um risco não só para nós, mas para a América Latina e o mundo inteiro. Se tivermos respostas atualizadas, que aumentem a testagem, o bloqueio da transmissão e a vacinação, podemos falar num controle dessa doença ao longo dos próximos anos”, completou Nésio Fernandes.
Via: BBC
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