Assim como ocorreu durante o surto de febre amarela, em 2017, novamente os macacos estão sendo atrelados à uma outra doença: a varíola dos macacos. Contudo, apesar do nome, os animais não têm associação direta com a doença e, assim como os humanos, são apenas hospedeiros. 

O alerta vem da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA/SP), que por meio da Comissão Pró-Primatas Paulistas, informou que “o Monkeypox vírus, embora seja conhecido por causar a ‘varíola do macaco’, é um vírus que infectou roedores na África; os macacos, assim como o homem, são hospedeiros acidentais. Apesar do vírus receber essa nomenclatura, o mesmo não tem a participação dos primatas na transmissão para as pessoas. Todos os casos identificados até o momento pelas agências de saúde no mundo foram atribuídos à contaminação por transmissão entre humanos”. 

Varíola dos macacos: apesar do nome, primatas não transmitem a doença. Imagem: Lightspring – Shutterstock

Ainda de acordo com a pasta, o alerta é importante para que a população tenha consciência de que a espécie não é responsável pela existência do vírus e nem por sua transmissão e não deve sofrer nenhuma retaliação, como agressões, mortes, afugentamento, ou quaisquer tipos de maus-tratos. 

Em maio deste ano, a Sociedade Brasileira de Primatologia (SBP) também reforçou que a transmissão da doença não está associada a esses animais. Segundo comunicado, que pode ser conferido aqui, “o receio de contágio por transmissão desta e de outras doenças, como a febre amarela, pela proximidade com os macacos não se justifica”, além disso, os primatas servem como sentinelas, já que muitas vezes adoecem antes e alertam para a presença e risco de infecções também em humanos.

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De acordo com o Ministério da Saúde, a varíola dos macacos foi identificada a primeira vez em macacos e, por isso, ficou conhecida com a nomenclatura.

O que aconteceu durante o surto de febre amarela? 

Durante o surto de febre amarela, em 2017, a desinformação levou as pessoas a matarem diversos macacos em várias partes do Brasil. Segundo informou o Jornal Nacional, 13 primatas que foram remanejados para o Parque Ecológico de São Carlos, no interior de São Paulo, sofreram algum tipo de violência na época. Cinco não resistiram e morreram. Pesquisadores do Rio de Janeiro acrescentaram ainda que, de cada dez casos de macacos mortos, sete tinham origem de óbito por pedradas, pauladas, envenenamentos e queimaduras. 

Segundo o Art. 29 da Lei n° 9.605/98 é crime ambiental “matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”, o que pode gerar pena de seis meses a um ano de detenção, mais multa. 

Leia mais! 

Vale ressaltar que os primatas fazem parte da nossa biodiversidade, possuem papel fundamental na manutenção das florestas, além de auxiliarem nos serviços ecossistêmicos. Por isso, ao avistar algum macaco doente ou morto, avise aos órgãos de saúde do seu município. 

Há também uma possibilidade de que a varíola dos macacos mude de nome devido a outros conceitos discriminatórios. Entenda mais aqui

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