O bombardeio da Usina Nuclear de Zaporizhzhia (ZNPP), na Ucrânia, corre o risco de criar “outra Chernobyl”, alerta uma cientista que trabalha na região do acidente histórico. Já o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que os combates no local apresentam um “risco muito real de um desastre nuclear“. A ZNPP é a maior usina nuclear na Europa em capacidade elétrica instalada.

As tropas russas estão atualmente ocupando terras ao redor da ZNPP, uma instalação com seis reatores nucleares de design mais moderno e seguro do que a usina de Chernobyl, que sofreu um colapso catastrófico em 1986 e foi ocupada no início deste ano por tropas de Putin. Relatos da Ucrânia sugerem que a própria Rússia está bombardeando o local e imagens de satélite revelam evidências potenciais do bombardeio na usina nuclear.

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A última atualização da Energoatom, empresa de energia controlada pelo governo da Ucrânia, diz que em 6 de agosto as tropas russas dispararam mísseis contra o ZNPP. Os projéteis aterrissaram diretamente ao lado de contêineres de armazenamento de combustível usado. A empresa afirma que três sensores de monitoramento de radiação foram danificados e um funcionário da fábrica foi levado ao hospital com um ferimento por estilhaços, mas que as tropas russas ainda estão no controle do ZNPP e se esconderam em bunkers no local.

Administradores russos na região afirmam que foram as forças ucranianas que atacaram a usina.

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Alegações preocupantes sobre Chernobyl

O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, disse em 6 de agosto que a situação no ZNPP parecia estável e que não havia ameaça imediata à segurança nuclear. Mas a AIEA não consegue visitar as instalações no sul da Ucrânia desde antes do início do conflito, e Grossi diz que os esforços para reiniciar as inspeções continuam.

Há também relatos não confirmados de que tropas russas plantaram bombas na usina, com o Centro de Comunicação Estratégica da Ucrânia alegando que um oficial russo de alto escalão disse que “ou a terra será russa ou será um deserto arrasado”.

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Olena Pareniuk, uma cientista que trabalha na região de Chernobyl – que já foi devolvida ao controle ucraniano – diz que as tropas russas no ZNPP parecem estar assumindo riscos de segurança, além de bombardearem o próprio local.

“Os russos levaram veículos militares com blindagem e explosivos para dentro da sala de máquinas do ZNPP”, diz ela, embora essa afirmação não tenha sido verificada de forma independente. “Esse é literalmente o mesmo prédio onde fica o reator. Eles montaram artilharia no território da usina, atirando na cidade mais próxima, Nikopol. Os ucranianos não vão contra-atacar, pois ninguém quer representar um perigo para a ZNPP.”

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Ela adverte que os erros de Chernobyl estão se repetindo na ZNPP, pondo em risco a segurança e a eficácia da equipe para controlar os reatores.

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“Os funcionários podem se cansar e cometer um erro, e pode ser outra Chernobyl. Explosivos podem explodir, a turbina será danificada e também pode explodir, e o combustível nuclear pode vazar para o meio ambiente”, diz ela. “Os russos podem ser loucos o suficiente para drenar a água de resfriamento da bacia de combustível nuclear usado. O combustível vai aquecer e o urânio vazará para o meio ambiente.”

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