Se antigamente o sonho de migrar para outro país levava os brasileiros a profissões que não exigiam qualificação, o cenário agora é diferente. Uma pesquisa do escritório de advocacia AG Immigration mostra que as empresas dos Estados Unidos contratam cada vez mais trabalhadores brasileiros com formação acadêmica.

A AG Immigration usou dados oficiais do Departamento de Trabalho dos EUA. As cinco empresas norte-americanas que mais contrataram brasileiros em 2021 foram Abbyland Foods, Microsoft, Orion Travel Technologies, SS Concrete Floors e Google.

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Ao todo, as cinco companhias contrataram 142 brasileiros. Parece pouco, mas o número representa quase 10 de todas as 1.428 admissões no período. No ranking, o Brasil ficou em sexto lugar entre os países com mais cidadãos sendo empregados nos Estados Unidos. O top cinco conta com Índia, China, México, Coreia do Sul e Filipinas.

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As formações mais comuns são Administração, Ciência da Computação e Engenharia Elétrica, para os cargos de desenvolvedores, analistas de sistemas e gerentes de marketing. Daquele total, 108 foram contratados para como desenvolvedores. Além dos profissionais de tecnologia, há ainda 27 professores e pesquisadores admitidos em universidades americanas por meio do green card.

Perfil diferente

A pesquisa destaca a mudança no perfil do brasileiro que migra para trabalhar nos Estados Unidos. Claro, ainda há pessoas que trabalham em cargos que não exigem formação. O setor que mais contratou brasileiros foi o alimentício, com 129 vagas preenchidas em 2021, sem necessidade de experiência prévia.

“Você ainda tem um volume grande de pessoas que vem para cá ocupar posições que não exigem qualificação acadêmica e, por isso, têm menores salários. É algo natural, pois em qualquer economia estas são as vagas que acabam sendo as mais comuns”, disse Rodrigo Costa, CEO da AG Immigration.

Mulheres desenvolvedores, programadoras, tecnologia da informação
Os desenvolvedores são os profissionais brasileiros mais contratados nos EUA. Imagem: Roman Samborskyi/Shutterstock

Há 14 anos morando nos EUA, ele observou a mudança nos últimos tempos. “Com o avanço do ensino superior no Brasil e o acesso à informação, mais e mais brasileiros graduados e pós-graduados têm buscado carreiras nos EUA”, emendou.

O estudo mostra também que, dos 1.428 brasileiros contratados por meio das certificações laborais em 2021, 520 concluíram o bacharelado. Eram ainda 157 mestres e 39 doutores. Cerca de um terço, 499 pessoas, declararam não ter formação. Outros 139 citaram a conclusão do ensino médio. O restante informou outras formações. Foram mais de 550 instituições de ensino diferentes citadas pelos trabalhadores.

Salário dos trabalhadores brasileiros

A média atual de salário anual dos brasileiros contratados por empresas dos EUA é de US$ 84 mil. O valor equivale, na cotação atual, a mais R$ 430 mil (com a moeda norte-americana vendida a R$ 5,13, nesta terça-feira, 9), ou quase R$ 36 mil por mês. Os salários mudam de acordo com o cargo.

Na pesquisa, a AG Immigration viu que o menor salário mensal foi de R$ 6,9 mil de um preparador de comida nos restaurantes da JJS of Atlanta (lembrando que o trabalhador ganha em dólar, mas também gasta em dólar). O maior informado foi de R$ 152 mil por mês, para um desenvolvedor de softwares contratado pela Netflix e graduado pela PUC-Rio.

Como trabalhar nos EUA

Rodrigo Costa destacou que, para contratar estrangeiros, as empresas precisam comprovar às autoridades que já tentou contratar profissional equivalente dentro do país. Um formulário, no qual informa o cargo, local de trabalho, formação exigida e salário proposto para aquela posição também são preenchidos para cada vaga aberta.

Só depois, pode contratar um estrangeiro. Esse trabalhador recebe o green card, documento que permite viver e morar nos EUA. Até existem outros métodos, como vistos temporários, como o H-1B. Mas o patrocínio de green cards de trabalho vem crescendo, pela escassez de mão de obra.

E isso, claro, é um incentivo para atrair trabalhadores estrangeiros. “Mesmo com o desemprego em patamares baixíssimos, as empresas estão com 10,7 milhões de vagas abertas. Portanto, não é de se estranhar que, sem conseguir preencher estas vagas dentro do país, as companhias recorram aos imigrantes, patrocinando o green card para eles”, concluiu Costa.

A pesquisa completa pode ser visualizada AQUI.

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