Dez anos após o vazamento de petróleo do Deepwater Horizon, um dos maiores desastres ambientais da história, ainda é possível observar resíduos do líquido pegajoso no Golfo do México. Pelo menos, é isso o que aponta um estudo publicado na revista Frontiers in Marine Science.

Ocorrido em 2010, os impactos do óleo bruto no ambiente ainda são incompreendidos. Mesmo com parte do líquido recuperado, queimado, quimicamente disperso ou evaporado, muita coisa permaneceu no mar sujeita à atuação das intempéries do tempo e de microrganismos.

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Os cientistas acreditam que as características químicas e físicas do resíduo provavelmente foram alteradas, o que pode muito bem ter afetado a sua toxicidade. Os compostos maiores, que eram mais resistentes às condições climáticas extremas, tornaram-se insolúveis e ocuparam o Golfo do México.

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Os autores do estudo afirmam que “o resíduo se torna resistente a novas mudanças rápidas de composição, e isso significa que, se não forem removidos pelo pessoal de resposta, odem permanecer em ambientes por tempo estendido, causando interrupções a longo prazo das áreas impactadas.”

Essa situação é preocupante, pois apenas um pequeno número de compostos de petróleo bruto teve seus efeitos ambientais analisados pelos pesquisadores até o momento. Além disso, sabe-se muito pouco sobre os impactos causados na vida marinha selvagem ao longo de períodos extensos de tempo.

A liberação de produtos químicos de desastres com petróleo geram danos vísiveis e praticamente imediatos, por isso, prever como a toxicidade vai atuar é um desafio. Suspeita-se que parte do efeito observado pode ser devido à forma como o petróleo bruto resiste ao longo do tempo. Alguns dos componentes resultantes, inclusive, ficam mais propensos a reagir em animais.

Pelicano coberto por petróleo
Pelicano coberto por petróleo. Imagem: Breck P. Kent/Shutterstock

Em 2021, os cientistas anunciaram que a poluição oriunda do vazamento ainda afetava a vida marinha no fundo do mar e causando taxas de reprodução muito baixas para animais locais, como peixes e golfinhos. Os locais onde estão esses compostos tóxicos frequentemente estão são inacessíveis para equipamentos de limpeza mecânica, e é provavelmente por isso que a poluição persistiu.

Cientistas precisam estudar os efeitos do petróleo no longo prazo

O cientista ambiental da Universidade Estadual de Louisiana, Edward Overton, diz que “o ponto importante sobre o derramamento de petróleo é que os compostos do óleo são um tipo de material que pode ser degradado pela luz solar e por bactérias marinhas (biodegradação), em contraste com outros tipos de poluentes, como os pesticidas clorados como o DDT”, que não podem.

Para ele, quanto melhor os produtos químicos e suas propriedades químicas reativas forem compreendidas, bem como suas propriedades físicas, mais será possível mitigar os efeitos danosos dos derramamentos de petróleo, além de entender e detectar consequências ambientais geradas. Outro ponto importante é sobre a responsabilização das empresas envolvidas nos desastres. Uma pesquisa que busca compreender as penalidades aplicadas aos responsáveis por acidentes industriais aponta que a empresa acusada pelo dano age como se nada tivesse acontecido.

Via: Science Alert

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