Um artigo publicado nesta quarta-feira (17) na revista Science Advances descreve um estudo conduzido por pesquisadores do Reino Unido, África do Sul, Austrália, Suíça e EUA que traz novas – e assustadoras – informações sobre a maior espécie de tubarão que já existiu: o megalodonte.

Diagrama acima mostra o procedimento de modelagem 3D feito pelos cientistas para averiguar características físicas e comportamentais do megalodonte. Imagem: Jack A. Cooper et al.

Combinando modelagem digital de ponta com a análise de um fóssil raro e único, os cientistas produziram a primeira reconstrução 3D da espécie, por meio da qual foram capazes de obter fascinantes percepções sobre os comportamentos predatórios desse terrível monstro pré-histórico.

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Extinto há cerca de três milhões de anos, o megalodonte tinha uma dieta que incluía baleias ricas em gordura de até oito metros de comprimento, a mesma dimensão média de uma orca moderna. 

Com dentes maiores do que uma mão humana, ele poderia devorar esses animais em apenas cinco mordidas, segundo o novo estudo. 

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Megalodonte tinha dentes que chegavam a ser maiores do que a mão humana, conforme observado nesta foto de uma pessoa segurando um fóssil. Imagem: Mark_Kostich – Shutterstock

Pesquisadores têm sido capazes de aprender sobre o estilo de vida e a forma física do megalodonte examinando isótopos de seus dentes, por exemplo, ou analisando seus parentes próximos. 

Jack Cooper, doutorando na Universidade de Swansea, no País de Gales, é o autor principal do artigo. Ele e seus coautores analisaram uma rara coluna vertebral fossilizada pertencente a um megalodonte que morreu na costa da Bélgica há cerca de 18 milhões de anos.

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Cada uma das vértebras foi medida e escaneada, permitindo a reconstrução de toda a coluna vertebral, que foi então combinada com uma varredura 3D de um conjunto de fósseis dentários. Para reproduzir a carne em torno do esqueleto, eles usaram dados de tubarões brancos.

“O peso é um dos traços mais importantes de qualquer animal”, disse o coautor John Hutchinson, professor da Faculdade Real de Veterinária, em Londres. “Para animais extintos, podemos estimar a massa corporal com métodos modernos de modelagem digital 3D e, em seguida, estabelecer a relação entre massa e outras propriedades biológicas, como velocidade e uso de energia”.

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O megalodonte reconstruído tinha 16 m de comprimento, pesava mais de 61 toneladas e se movia pela água a 1,4 metros por segundo (cerca de 5 km/h). Com um volume estomacal de quase 10 mil, o animal exigia a ingestão de cerca de 98 mil quilocalorias por dia. 

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A equipe descobriu que devorar uma única baleia de oito metros de comprimento permitia que o megalodonte viajasse milhares de quilômetros pelos mares, não precisando comer novamente por até dois meses.

“Esses resultados sugerem que esse tubarão gigante era um predador transoceânico superápice”, afirmou Catalina Pimiento, professora da Universidade de Zurique, na Suíça, e autora sênior do estudo. “A extinção desse icônico tubarão gigante provavelmente impactou o transporte global de nutrientes e liberou grandes cetáceos de uma forte pressão predatória”.

Essa nova compreensão das características físicas e do comportamento do megalodonte pode guiar futuros esforços de reconstrução e pesquisas sobre esse antigo e temido predador.

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