Uma equipe de pesquisadores da Universidade Tufts, EUA, descobriu uma correlação entre a gengivite – também conhecida como periodontite e doença periodontal – e o risco de desenvolver Alzheimer. 

A doença gengival ocorre através de uma infecção pela bactéria Fusobacterium nucleatum (F. nucleatum). Ela se desenvolve a partir de restos de alimentos e outras bactérias que, sem a escovação dos dentes e o uso do fio dental, encontram o ambiente perfeito para se proliferarem e criarem placas – que irritam os dentes e causam a gengivite.

Mais tarde, sem a limpeza necessária, elas podem se transformar em tártaro e elevar a infecção ao que passa ser chamado de periodontite. 

Bactéria que causa gengivite pode aumentar o risco de Alzheimer, mostra estudo. Imagem: shutterstock/Lightspring

Segundo o estudo, publicado na revista Frontiers in Aging Neuroscience e divulgado pelo Medical News Today, a F. nucleatum também tem a capacidade de afetar o fenótipo do Alzheimer e “penetrar no cérebro para colonizar e secretar moléculas patológicas para exacerbar os sintomas e sinais da doença”, conforme explicou o Dr. Jake Jinkun Chen, professor de periodontologia e principal autor da pesquisa. 

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Para comprovar a ação da bactéria, a equipe de cientistas realizou testes em modelos de camundongos com Alzheimer. Os resultados mostraram que em comparação com os animais de controle (sem doenças gengivais ou Alzheimer), os camundongos com periodontite apresentaram aumento do comprometimento cognitivo e níveis mais altos de placas amilóides e proteína Tau (características do Alzheimer). Além disso, um aumento da inflamação das células microgliais (que tem o papel de proteger o tecido cerebral e da medula) também foram observados. 

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Essa não é, no entanto, a primeira vez que a F. nucleatum é envolvida em doenças que não seja periodontal. Pesquisas anteriores também ligam a bactéria ao câncer de cólon e câncer bucal. A periodontite também já foi atrelada a diabetes, doença renal e problemas cardiovasculares. 

Para o Dr. Chen, as descobertas podem agir em quatro grandes pilares da saúde:  

  1. Primeiro, a prevenção à periodontite, já que uma porcentagem significativa da população adulta tem doença periodontal e mais de 55 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com a demência;  
  1. Segundo, a compreensão mecanicista de uma bactéria anaeróbica pouco estudada, o que irá preencher lacunas e enviar alertas aos dentistas e neurologistas;  
  1. Terceiro, o modelo animal fornece capacidade técnica para delinear a possível causa entre uma doença dentária local (doença periodontal) e um distúrbio neural (doença de Alzheimer) em um local considerado anatômico remoto; 
  1. E quarto, o estudo pode fornecer uma prova de princípio para estudar se o tratamento da doença periodontal pode diminuir ou retardar o aparecimento da doença de Alzheimer em humanos. 

“Não sabemos neste momento se coisas como escovar os dentes acabarão reduzindo o risco de Alzheimer”, acrescentou o Dr. Percy Griffin, ao MNT.  

“O que podemos dizer é que uma boa higiene bucal é importante para a saúde geral e o envelhecimento saudável. Existem vários outros fatores de risco modificáveis no estilo de vida – como exercícios e dieta – que têm evidências científicas consideráveis para mostrar que podem reduzir o risco de declínio cognitivo.” 

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