A Marinha dos EUA acoplou câmeras em seus golfinhos-nariz-de-garrafa treinados para ajudar a identificar minas submarinas e proteger alguns dos estoques nucleares norte-americanos. E os mamíferos marinhos inteligentes não decepcionaram, oferecendo um passeio emocionante, com direito a perseguições de presas, incluindo serpentes venenosas, as Hydrophis platurus, o que surpreendeu os pesquisadores.

Golfinhos-de-nariz-de-garrafa mergulham a serviço da Marinha dos EUA e proporcionam imagens incríveis de seu comportamento de caça. Imagem: Ridgway et al., PLOS ONE, 2022

Instaladas em seis golfinhos da espécie Tursiops truncatus, pertencentes à Fundação Nacional de Mamíferos Marinhos dos EUA (NMMF), as câmeras gravaram aproximadamente 180 dias de imagens e áudio, fornecendo aos biólogos novas informações sobre as estratégias e comunicações de caça desses cetáceos.

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Em alguns animais, os equipamentos foram colocados nas costas, e em outros, nas laterais, exibindo diferentes ângulos.

Embora esses golfinhos sejam de cativeiro, eles têm oportunidades regulares de caçar em mar aberto, complementando sua dieta habitual de peixes congelados. Assim, é provável que usem métodos semelhantes aos seus irmãos selvagens, de acordo com o veterinário de mamíferos marinhos da NMMF Sam Ridgway, falecido no último dia 10 de julho, antes de sua pesquisa ser publicada na revista PLOS ONE.

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“À medida que os golfinhos caçavam, eles ‘clicavam’ quase constantemente em intervalos de 20 a 50 milissegundos”, descreve o estudo conduzido por Ridgway. “Ao se aproximar da presa, os intervalos de cliques encurtavam em um zumbido terminal e, em seguida, um guincho. No contato com peixes, zumbidos e guinchamentos eram quase constantes até depois que o alimento era engolido”.

Foram capturados mais de 200 peixes, incluindo robalos, corvinas, halibutes, peixes-cachimbo e peixes-rei, sendo que estes últimos muitas vezes se jogavam para o ar em tentativas desesperadas de escapar dos hábeis predadores

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Mas os golfinhos acompanharam cada movimento deles, nadando de cabeça para baixo para possibilitar aos seus olhos giratórios uma visão clara – técnica também observada anteriormente em golfinhos selvagens.

“Esses golfinhos pareciam usar a visão e o som para encontrar presas”, relatam Ridgway e sua equipe. “À distância, os golfinhos sempre usavam ecolocalização para encontrar peixes. De perto, a visão e a ecolocalização pareciam ser usadas em conjunto”.

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Embora golfinhos já tenham sido flagrados brincando com cobras marinhas antes, as imagens confirmaram pela primeira vez que eles podem também comê-las. “Nosso golfinho não mostrou sinais de doença depois de consumir as pequenas cobras”, relataram os pesquisadores, reconhecendo, no entanto, que isso também pode ser um comportamento excepcional desses animais de cativeiro. “Talvez a falta de experiência em se alimentar com grupos de golfinhos na natureza levou ao consumo desta presa estranha”.

As câmeras também captaram o som dos corações dos animais, que bombeavam fortemente para acompanhar as atividades extenuantes.

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