Na próxima segunda-feira (29), o megafoguete Sistema de Lançamento Espacial (SLS), finalmente, vai decolar em direção à Lua, levando no topo a cápsula Orion, que irá circundar nosso satélite natural em uma missão teste não tripulada que representa a estreia do programa Artemis, da NASA.

Abastecimento do SLS, que vai levar a missão Artemis-1 para a Lua na plataforma 39B do Kennedy Space Center em Cabo Canaveral, Flórida
Megafoguete que vai levar a missão Artemis 1 para a Lua já está posicionado na plataforma 39B do Centro Espacial Kennedy, da NASA, em Cabo Canaveral, Flórida. Imagem: NASA/Joel Kowsky

Como se sabe, esse programa visa levar a humanidade de volta à Lua, mais de meio século depois da última vez que estivemos por lá, por meio das missões Apollo. O Olhar Digital já abordou as diferenças entre os dois programas (você pode conferir aqui), e a principal delas é que, desta vez, o objetivo é consolidar uma “segunda morada” para a espécie humana, com uma base fixa de exploração do espaço profundo. 

Isso significa estabelecer uma presença humana sustentável na Lua e ao redor dela, desenvolvendo a infraestrutura que nos permitirá avançar ainda mais no Sistema Solar.

Se tudo correr como o planejado, essa instalação que se pretende assentar em solo lunar fará da Lua um verdadeiro trampolim para outros ambientes celestes. E o primeiro alvo é Marte.

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Cápsula Orion vai viajar para mais longe do que qualquer veículo espacial já esteve

Por meio da missão Artemis 1, a cápsula Orion será enviada mais longe no espaço do que qualquer veículo destinado a humanos já viajou antes – já que não vai simplesmente “estacionar” na Lua, como faziam os módulos de pouso do programa Apollo. 

Em vez disso, a espaçonave usará a influência gravitacional lunar para se impulsionar mais fundo no espaço, estabelecendo-se em uma órbita a cerca de 64 mil km do nosso satélite natural.

A cápsula Orion vai usar a influência gravitacional da Lua para se impulsionar mais fundo no espaço. Imagem: NASA/Tumblr

Esse voo servirá como um teste crucial para futuras missões Artemis que, entre outros objetivos, farão Orion levar a primeira mulher e a primeira pessoa preta a pisar na superfície da Lua.

No início deste ano, a NASA divulgou seus objetivos “de Lua a Marte”, que identificaram 50 pontos-chave que se enquadram nas amplas categorias de exploração, transporte e habitação, infraestrutura lunar e marciana, operações e ciência.

“Esses objetivos nos levarão para nossa primeira missão analógica em Marte com a tripulação no espaço e nos prepararão para a primeira missão humana à superfície do Planeta Vermelho”, disse Jim Free, administrador associado da Diretoria de Missões de Desenvolvimento de Sistemas de Exploração da NASA, em comunicado emitido em maio.

Vantagens de usar a Lua como trampolim para Marte

A vantagem de usar a Lua como trampolim para Marte é sua proximidade com a Terra. Uma missão tripulada pode chegar ou sair da Lua em apenas três dias, enquanto um voo direto da Terra para Marte levaria pelo menos sete meses, com uma viagem de ida e volta estimada para durar aproximadamente 500 dias.

A NASA prestará muita atenção aos efeitos da gravidade limitada — ou microgravidade — no corpo humano durante voos tripulados para a Lua para avaliar os impactos das longas viagens a Marte.

Com o conceito de sustentabilidade em mente, a missão Artemis 1 também levará 10 CubeSats para o espaço. Alguns desses pequenos satélites têm a missão de mapear a distribuição de água na Lua. Isso inclui a busca por reservas de hidrogênio presos no gelo nas crateras sombrias das regiões polares lunares.

E a água encontrada na superfície lunar não será usada apenas para sustentar astronautas. Estão sendo desenvolvidos métodos que podem converter a água lunar em combustível para foguetes. Assim, a espaçonave que sair da Terra para Marte não precisará decolar com todo o combustível necessário para atravessar o longo caminho até o Planeta Vermelho.

De acordo com o site Space.com, transportar menos combustível tornaria as missões interplanetárias muito mais econômicas e permitiria que naves espaciais transportassem mais carga e instrumentos científicos.

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As missões Artemis de pouso na superfície da Lua — sendo Artemis 3 a primeira delas, esperada para 2025 ou 2026 — vão permitir que novas tecnologias sejam testadas fora da Terra, que eventualmente também possam ser implantadas em Marte.

Por exemplo, sistemas de habitat humano e de suporte à vida que viabilizariam aos astronautas operar por longos períodos a cerca de mil vezes a distância entre nosso planeta e a Estação Espacial Internacional (ISS) — que orbita a Terra a uma altitude média de 400 km.

Obviamente, essas não são metas de curto nem médio prazo. A NASA estima que os humanos não estarão prontos para pisar em Marte até pelo menos o final da década de 2030 ou início da década de 2040. Está claro, no entanto, que Artemis 1 representa um importante primeiro passo na longa estrada para conhecer de perto o nosso cobiçado vizinho.

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