Na manhã deste domingo (30), Marte começa um processo pelo qual seu movimento para o leste através do céu noturno é interrompido, mudando sua trajetória para oeste, no que é conhecido como “laço” retrógrado – assim chamado porque, durante o curso percorrido, o planeta parece formar um laço no céu.
Segundo o guia de orientação do céu noturno In-The-Sky.org, a inversão de direção do planeta começará às 10h21 (pelo horário de Brasília), permanecendo nesse sentido até o dia 12 de janeiro de 2023.
O colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON), explica que o movimento retrógrado dos planetas é apenas ilusório e é causado pelo curso da Terra em torno do Sol. À medida que ela circunda o astro, nossa perspectiva muda, e isso faz com que as posições aparentes dos objetos celestes se alterem de um lado para o outro no céu, o que se sobrepõe ao movimento de longo prazo do planeta em direção ao leste através das constelações.
“Por estar em uma órbita mais interna e, consequentemente, mais rápida, a Terra ultrapassa Marte a cada dois anos aproximadamente. E quando isso acontece, Marte parece estar caminhando no sentido contrário no céu por alguns dias. Isso ocorre com todos os planetas com órbitas mais externas à Terra”, descreveu. Quanto mais longe do Sol, mais tempo o planeta passa em movimento retrógrado.
Essa inversão de direção é um fenômeno que todos os planetas do sistema solar sofrem periodicamente. Segundo o site In-The-Sky.org, no caso daqueles cujas órbitas são mais externas que a da Terra (Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno), isso se dá poucos meses depois de passarem pela oposição, que é quando eles estão do lado oposto do Sol em relação ao nosso planeta (que fica entre os dois corpos celestes).
A animação abaixo ilustra isso, com a flecha mostrando a linha de visão da Terra para um planeta, e o diagrama à direita mostrando o aparentemente movimento do objeto através do céu pela nossa perspectiva de visão.
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Recentemente, a Lua e o nosso vizinho vermelho compartilharam a mesma ascensão reta, aparecendo bem próximos no céu – um fenômeno conhecido como conjunção. Isso aconteceu na madrugada do dia 15, ao mesmo tempo em que os astros estiveram em appulse, termo que se refere à separação mínima aparente entre dois corpos no céu, de acordo com o guia de astronomia Starwalk Space.
O que diferencia as duas expressões é que, embora o termo “conjunção” também seja utilizado popularmente para representar uma aproximação aparente entre dois astros, tecnicamente, a conjunção astronômica só ocorre no momento em que os dois objetos compartilham a mesma ascensão reta (coordenada astronômica equivalente à longitude terrestre).
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