A teoria do Big Bang é, sem dúvida, a história de origem baseada na ciência mais aceita para o nosso universo. Contudo, isto pode mudar.

O astrofísico europeu Sunny Vagnozzi, da Universidade de Trento (Itália) e da Universidade de Cambridge (Inglaterra), ao lado do pesquisador israelense-americano Avi Loeb, da Universidade de Harvard, EUA, publicou, nesta quinta-feira (3), trabalho de pesquisa (potencialmente) marcante, indicando que tudo o que pensamos saber sobre as origens do Universo pode estar completamente errado.

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De acordo com o trabalho, o Big Bang foi mais um Big Bounce (Grande Salto, em português). Seu artigo detalha um cenário em que nosso universo, como o observamos, é meramente o resultado de uma fase cosmológica anterior terminando e um novo começo.

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Para testar sua teoria, a dupla está propondo busca mais profunda na radiação de fundo do universo, de forma jamais feita para encontrar assinaturas de calor primordiais que possam nos dar visão mais clara do que aconteceu logo após o Big Bang.

Se eles puderem confirmar suas suspeitas, poderemos finalmente entender como as características anteriormente inexplicáveis do cosmos, como a energia escura e a distorção do espaço-tempo, realmente funcionam.

Descobrir a verdade definitiva sobre a origem do nosso universo também pode revolucionar nossa compreensão do que realmente é um “universo”.

As teorias atuais em torno dos momentos imediatamente após o Big Bang dão suporte à ideia de um “multiverso”, onde vários bolsões de inflação massiva e poços gravitacionais poderiam sustentar paradigma cosmológico cheio de universos infinitos.

Mas um modelo em que a teoria do Big Bounce fosse demonstrada indicaria um universo mais suave e operacionalmente simples.

Imagem: Zakharchuk – Shutterstock

Big Bang, expansão rápida

O longo e curto da situação envolve algo chamado teoria da inflação do Big Bang, uma hipótese que prevê período de expansão maciça logo após a ocorrência do Big Bang.

Infelizmente, devido à limitação física de quão longe a luz pode viajar em determinado período de tempo, o Big Bang aconteceu mais atrás na história do universo do que somos capazes de “ver”.

Em 2014, no entanto, uma equipe de físicos realizando um estudo sobre o fundo cósmico de microondas (CMB) acreditava ter encontrado dados que confirmavam a teoria da inflação.

O próprio Loeb comentou a descoberta em um artigo para o Space.com, embora ele não estivesse envolvido nesse estudo em particular. Segundo ele, na época, se a teoria inflacionária do Big Bang realmente fosse confirmada, “seria a descoberta mais importante desde a descoberta, eu acho, de que a expansão do universo está se acelerando”.

Muita coisa pode mudar em oito anos. Hoje, Vagnozzi e Loeb publicaram pesquisas que indicam fortemente que a interpretação de 2014 estava errada.

Chamado de “O desafio de descartar a inflação por meio do fundo Primordial do Graviton”, o novo artigo detalha uma série de problemas com a teoria da inflação rápida.

Também apresenta algumas especulações muito interessantes sobre o que realmente aconteceu nos primeiros momentos do nosso universo e, talvez o mais intrigante, descreve o que pode ter acontecido antes do Big Bang.

Os autores tomam muito cuidado para enquadrar o período de inflação massiva e rápida que a atual teoria do Big Bang engloba como parte de uma hipótese não falsificável.

Na linguagem científica, isso significa que não pode ser descrito como parte de um modelo funcional do universo, é apenas um paradigma possível que pode ser imaginado.

A impressão de um artista sobre a formação de estrelas no universo primitivo, algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang (Imagem: NASA)

Big Bounce, melhor ciência

Fazer suposições falsificáveis ​​é crucial para entender a física em grande escala. Por exemplo, os cientistas acreditam na teoria da gravidade porque ela pode ser falsificada: se você pular no ar da Terra, você cairá de volta. Em uma espaçonave afastada do campo gravitacional do planeta, você continua até esbarrar em algo com massa grande o suficiente para detê-lo.

De acordo com os oponentes da teoria inflacionária do Big Bang, ela não pode ser falsificada. Mas Vagnozzi e Loeb acreditam ter solução que poderia responder a todas as mesmas questões que a teoria responde, sem a necessidade do período de rápida expansão, ao mesmo tempo em que atende aos requisitos do método científico por ser falsificável.

Infelizmente, a ideia deles envolve o uso de detectores de radiação futuristas construídos com tecnologia que não existe atualmente. Então, para resumir, eles teoricamente desmascararam a teoria do Big Bang como ela está atualmente, fornecendo uma teoria alternativa que, atualmente, não é muito mais testável do que a antiga.

Via The Next Web

Imagem destacada: Vadim Sadovski/Shutterstock

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