Apesar da indústria de vestuário ter sofrido durante a pandemia, o período representou uma mudança nos hábitos dos consumidores, que passaram a comprar roupas online, mesmo que não fossem usá-las tão cedo devido ao isolamento social. E foi justamente em meados de 2020 que a Shein, marca varejista de comércio de roupas e acessórios, passou a comercializar seus produtos para o mercado brasileiro. Agora, a marca anunciou que abrirá mais uma loja pop-up no Brasil.

Fundada em 2008, na China, com o nome ZZKKO pelo empresário e marketeiro digital, Chris Xu, a marca era especializada em vestidos de noiva. Depois passou a vender roupas femininas em geral e mais tarde adotou o nome “Sheinside”. Foi a partir de 2010 que a empresa expandiu suas vendas fora do mercado chinês, começando a atuar em países como Alemanha, Rússia, Itália, Espanha e França. Aos poucos foi se expandindo e hoje vende para mais de 150 países.

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A marca passou a produzir seus próprios itens e, em 2015, adotou o nome “Shein”. Um levantamento da Piper Sandler mostrou que a Shein fica apenas atrás da Amazon no ranking de marcas mais consumidas entre jovens da geração Z.

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Atualmente a marca é uma referência no fast-fashion, se destaca pelo preço dos itens que costuma ser mais acessível – mesmo sendo exportados da China – do que outras lojas semelhantes. Além disso, a criação de peças com base nas tendências das redes sociais e, inclusive, Google Trends, ajuda a marca a definir novos produtos e estratégias que serão tomadas com base na procura dos consumidores.

Ao entrar no site da varejista, o consumidor irá se deparar com uma impressionante variedade de produtos e acessórios voltados para diferentes estilos e personalidades de consumidores. A maioria das roupas são comercializadas com tamanhos que atendem usuários que vão do slim ao plus size.

Diferente de muitas varejistas de roupas e acessórios de moda, a Shein não possui estoque de produtos, afinal eles são produzidos de acordo com a quantidade solicitada pelos consumidores. Mesmo sem o estoque, a marca atualiza seu catálogo de produtos com cerca de 6 mil novos itens diariamente, todos anunciados com fotos muito bem produzidas.

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Imagem: XanderSt/Shutterstock

Acusação de exploração trabalhista

Apesar dos pontos positivos, a empresa também conta com alguns eventos negativos em sua trajetória. Em 2021, uma reportagem da Reuters mostrou que a marca não divulgou publicamente como são as condições de trabalho a que os funcionários são submetidos, sendo que essa declaração é exigida pelo Reino Unido.

Ainda de acordo com a reportagem de agosto de 2021, o site da Shein afirma que a empresa cumpre com os requisitos de responsabilidade social e nunca se envolveu em exploração de trabalho infantil ou forçado.

A empresa não costuma divulgar suas informações financeiras, mas, de acordo com a Bloomberg, analistas estimam que o valor de mercado da Shein estava avaliado em US$ 100 bilhões em abril de 2022. Denúncias nos últimos anos mostram que parte desse lucro é obtido por meio de exploração trabalhista. 

Os registros do documentário “Inside Shein Machine: UNTOLD”, produzido pela emissora Channel 4, mostra algumas condições precárias de trabalho. Na produção, um repórter mostra que os trabalhadores chegam a uma rotina de trabalho de 18 horas diárias com apenas uma folga por mês. E recebem um salário de 4.000 yuans por mês, cerca de US$ 552 (R$ 2.850) na cotação atual, sendo que o primeiro salário é retido pela fábrica.

Imagem: Shutterstock

Conforme relatado na matéria do The Cut, além dos problemas trabalhistas, a empresa também já sofreu críticas por altos níveis de produtos tóxicos em suas roupas, plágio no design de peças independentes e má condução dos dados de clientes. 

A Shein no Brasil

De acordo com o levantamento do BTG Pactual, a Shein conseguiu vender US$ 2 bilhões no ano passado. Outro ponto que atesta o sucesso da marca no Brasil o número de downloads. Em 2021, o app da Shein foi o mais baixado do setor de moda com 23,8 milhões de downloads.

Como mencionado anteriormente, a Shein abrirá uma loja temporária em São Paulo, entre os dias 12 e 16 de novembro, no Shopping Vila Olímpia. No entanto, esta não será a primeira vez que a marca terá uma loja no Brasil, em março deste ano, a Shein fez uma instalação de loja temporária no Village Mall, shopping no Rio de Janeiro.

Loja da Shein no Rio de Janeiro
Primeira instalação da Shein no Brasil foi feita no Rio de Janeiro. (Imagem: Divulgação)

Semelhante às lojas em formato pop-up no Rio e São Paulo, a empresa também anunciou que Belo Horizonte contará com uma instalação temporária ainda este ano. Data, horários de funcionamento e local ainda não foram divulgados.

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