Cientistas descobriram a maior galáxia já observada. A Alcyoneus está a 3 bilhões de anos-luz de distância da Terra e possui 5 megaparsecs de tamanho. Ou seja, ela é um aglomerado gigantesco de estrelas com 16,3 milhões de anos-luz de comprimento. Para base de comparação, a Via Láctea, onde está o Sol, possui cerca de 100 mil anos luz de diâmetro. Até então a maior galáxia observada era a IC 1101 com tamanho estimado de 4 milhões de anos luz. Assim, a Alcyoneus é 163 vezes maior que a nossa galáxia, e 4 vezes maior que a IC 1101. 

A descoberta foi publicada em um artigo liderado pelo astrônomo Martijn Oei em fevereiro e atualizado recentemente. Alcyoneus está localizada na constelação de Lynx e é uma radio-galáxia e sua descoberta mostra o quão pouco conhecemos sobre estas gigantes. Ela hospeda um buraco negro supermassivo no seu núcleo galáctico que exerce força gravitacional sobre as estrelas. Ela também emite jatos colossais e lóbulos do seu centro.

Lóbulos de rádio e o crescimento de galáxias

Nem todo material que esta sendo atraído por um buraco negro ativo acaba indo parar no horizonte de eventos. Uma parte dele é lançada aos polos em vez dos discos de acreção. Então esse material é liberado no espaço em forma de jatos de plasma em velocidades relativísticas, muito próximas à da luz. Eles podem chegar a uma distância enorme antes de se tornarem lóbulos emissores de rádio. Algumas das galáxias hospedeiras emitem lóbulos gigantescos, como Alcyoneus, mas os cientistas ainda não entendem porque isso acontece. Solucionar isso, pode ajudar a compreender a razão que leva uma radio-galáxia crescer a tamanho gigantes.

“Da mesma forma, se existem ambientes particulares de grande escala que são altamente propícios ao crescimento de rádio-galáxias gigantes, então as maiores rádio-galáxias gigantes provavelmente residirão neles.” explicou os pesquisadores do Observatório de Leiden no artigo que descobriu a galáxia gigante.

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A descoberta da Alcyoneus

Na busca desses ambientes propícios ao crescimento de rádio-galáxias gigantes eles acabaram encontrando Alcyoneus. Eles usaram a rede de radiotelescópios europeia LOw Frequency ARay (LOFAR). Com as frequências coletadas, eles removeram fontes de rádio compactas que poderiam interferir nas detecções de lóbulos de rádio difusos e corrigiram também a distorção óptica. Com a análise das imagens obtidas depois disso eles conseguiram observar a galáxia.

Os lóbulos de rádio de Alcioneu. 
Créditos: Oei et al., Astronomy & Astrophysics, 2022

“Descobrimos o que é, em projeção, a maior estrutura conhecida feita por uma única galáxia – uma rádio-galáxia gigante com um comprimento adequado projetado [de] 4,99 ± 0,04 megaparsecs. O verdadeiro comprimento adequado é de pelo menos … 5,04 ± 0,05 megaparsecs” explicou os astrônomos. 

 Ao tentar entendê-la, eles descobriram se tratar de uma galáxia elíptica, suas estrelas não se movimentam de forma ordenada de rotação, como nas espirais. Ela está imersa em um filamento de teia cósmica e possui cerca de 240 bilhões de vezes a massa do Sol. Só o seu buraco negro tem 400 milhões de vezes a massa da nossa estrela. 

Apesar disso, os astrônomos acharam suas características bem comuns. “Além da geometria, Alcyoneus e seu hospedeiro são suspeitamente comuns: a densidade total de luminosidade de baixa frequência, a massa estelar e a massa do buraco negro supermassivo são todas menores do que, embora semelhantes às das galáxias de rádio gigantes mediais”. Eles ainda acrescentam “Assim, galáxias muito massivas ou buracos negros centrais não são necessários para o crescimento de grandes gigantes e, se o estado observado for representativo da fonte ao longo de sua vida, nem a alta potência de rádio”

Eles acreditam que seu tamanho sem precedentes pode estar relacionado ao local onde ela está. Uma região menos densa do espaço pode favorecer a expansão da galáxia. Outra solução é que a teia cósmica a qual ela está embutida desempenhe uma função importante no seu crescimento. Independente de qual é a razão, os astrônomos acreditam que ela vai crescer ainda mais.

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