Um artigo publicado recentemente na revista Meteorites & Planetary Science descreve um estudo que combinou duas técnicas de imagem para analisar se, e como, meteoritos trazem água alienígena para a Terra.

Os meteoritos são fragmentos que se desprendem de objetos maiores, como cometas ou asteroides. Acredita-se que esses corpos dos confins do Sistema Solar, ao colidirem com a Terra, podem ter deixado água espacial.

A imagem de raios-X codificada por cores de uma fatia do meteorito GRA 06100 sobreposta com uma imagem de nêutrons da mesma fatia mostra material rico em ferro (rosa), regiões com baixas concentrações de compostos portadores de hidrogênio (verde), regiões com altas concentrações de compostos portadores de hidrogênio (azul) e compostos hidrogenados ricos em ferro (roxo). Imagem: A. Treiman / Instituto Lunar e Planetário / USRA

Para descobrir se isso realmente procede, uma equipe de pesquisa do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) – agência governamental ligada à administração de tecnologia do Departamento de Comércio dos EUA – criou um método que usa simultaneamente imagens de raios-X e feixes de nêutrons para enxergar dentro de um meteorito e determinar o que ele poderia estar guardando por bilhões de anos.

Segundo a equipe do NIST, esse novo método “pode revelar a presença e as distribuições de materiais contendo hidrogênio em meteoritos e, assim, ajudar a restringir a presença e as ações da água no início do Sistema Solar”.

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Este novo método é chamado de tomografia computadorizada coordenada de nêutrons e raios-X (NXCT) e é basicamente uma tomografia computadorizada atualizada. 

As tomografias computadorizadas de diagnóstico criam seções transversais que são então remontadas em uma imagem 3D que ajuda os médicos a ver o que está acontecendo dentro do corpo sem precisar operar. 

Da mesma forma, os raios-X e os feixes de nêutrons disparados contra um fragmento de meteorito no NXCT revelam com segurança de que tipos de minerais e outros elementos ou compostos são feitos, incluindo água e outros voláteis (substâncias que evaporam facilmente), sem precisar abrir. 

A presença de hidrogênio em um meteorito pode significar que ele continha gelo de água. O hidrogênio e o oxigênio se fundem para criar água regular, mas também existe a água pesada, cujos átomos de hidrogênio têm um nêutron extra que os transforma em deutério. O que os pesquisadores do NIST estavam procurando era qualquer uma das duas formas de água. A quantidade de água de cada tipo presente em um meteorito pode ser comparada aos níveis de ambos os tipos na Terra.

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Segundo o site Space.com, o que dá ao NXCT uma vantagem na análise de elementos em um meteorito é que os nêutrons apontados para o pedaço de rocha retornarão qualquer hidrogênio aprisionado, enquanto os elementos mais pesados se entregam espalhando raios-X. Se evidências de água forem encontradas, imagens 3D criadas após a observação inicial também podem dizer como ela chegou ali.

As rochas conhecidas como EET 87508 e GRA 06100 foram os meteoritos testados para este experimento. GRA 06100 é um condrito, que é incorporado com grãos de outros minerais. Seu hidrogênio sugere a presença passada de água. Já o EET 87508 é especialmente interessante porque, embora tenha se separado do asteroide Vesta, parece conter material de um tipo diferente de asteroide que transportou mais água pelo espaço.

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