A origem da Via Láctea é incerta e envolta em mistérios. Contudo, astrônomos acreditam que nossa galáxia iniciou seu ciclo de vida há mais de 13 bilhões de anos, sendo que ela era muito menos do que atualmente.

Mas, como ela cresceu tanto neste período de tempo? Para explicar isso, podemos rememorar eras de “canibalismo galáctico”.

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Início “nebuloso”

Os astrônomos não tem certeza de quando as galáxias foram formadas, já que os primeiros anos do Universo são muito difíceis de se observar (observatórios, como o James Webb, são designados para estudar exatamente tal época), contudo, existem algumas pistas.

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O Universo moderno apresenta locais com densidade muito alta e outros com densidade muito baixa, como os vazios entre galáxias. Mas todas as observações indicam que o Universo, quando jovem, era bem diferente. Havia quase nenhuma diferença nas densidades em sua extensão, de acordo com a ESA (Agência Espacial Europeia).

Duas galáxias em espiral colidindo, desencadeando explosão de formação estelar (vermelho); Via Láctea pode ter atingido seu tamanho atual por meio de série de fusões como esta (Imagem: NASA)

Via Láctea jovem

Possivelmente, a Via Láctea começou sua vida como qualquer outra galáxia – um pequeno amontoado de matéria que tinha densidade ligeiramente maior do que a média cósmica. Esse amontoado era feito quase todo de matéria escura – a forma de matéria que não interage com a luz.

Como esse pequeno amontoado tinha um pouco mais de densidade do que a média, ela teve uma atração gravitacional ligeiramente mais forte em comparação com as que estão em suas cercanias.

A maior atração permitiu que esse amontoado atraísse mais matéria escura, o que lhe deu ainda mais gravidade, que atraiu ainda mais matéria escura, e por aí vai. Essas informações foram publicadas no “The Milky Way: An Autobiography of Our Galaxy (“Via Láctea: Uma Autobiografia de Nossa Galáxia”, em tradução livre), lançado neste ano pela astrofísica Moiya McTier.

Mas a “criança” Via Láctea não estava sozinha nessa. Ela estava cercada por alguns amontoados de matéria escura. Eventualmente, aqueles primeiros amontoados de matéria escura cresceram largos o bastante para puxar matéria normal, que se acumularam em bolsos densos e formou as primeiras estrelas.

Esses amontoados permanecem até hoje dentro e ao redor da Via Láctea e são conhecidas como aglomerados globulares. Eles contém as estrelas mais antigas da galáxia, com algumas chegando a ter quase 13 bilhões de anos, segundo o Centro Harvard/Smithsonian para Astrofísica.

Via Láctea atualmente (Imagem: NASA)

Juventude turbulenta e rebelde

Os primeiros amontoados de matéria escura, juntamente com suas coleções de estrelas, eventualmente se fundiram para formar a proto-Via Láctea em torno de 12 bilhões de anos atrás.

Uma vez que a fusão se concretizou, nossa galáxia surgiu como uma entidade distinta no cosmos, separada das demais aglomerações em seu entorno. Sua gravidade massiva puxou cada vez mais matéria negra e gás, fazendo-a crescer rapidamente.

Conforme a galáxia cresceu, boa parte do gás se acumulou em seu centro. Assim que o gás colapsou, formou-se um disco fino, de rotação rápida. Esse disco começou a produzir estrelas rapidamente. Após alguns bilhões de anos, a Via Láctea vivenciou um período de rápida formação estelar que nunca foi superado, de acordo com a Enciclopédia de Astronomia e Astrofísica do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Contudo, as fusões não tinham acabado. Por meio de observações realizadas pelo satélite Gaia, astrônomos identificaram mais de uma dúzia de coleções de estrelas em nossa galáxia que parecem ser um pouco diferente de as de nossas vizinhas. Essas coleções apresentam estrelas com idades, composições elementares e velocidades parecidas.

Os astrônomos creem que esses amontoados representam sobras de galáxias menores que caíram na Via Láctea bilhões de anos atrás. A forte gravidade de nossa galáxia dilacerou as “intrusas”, engolindo-as e deixando apenas pequenos restos para trás, segundo o EarthSky.org.

Nossa galáxia no século XXI

A Via Láctea não abandonou seus atos “canibalescos”. Atualmente, ela está dilacerando seus satélites próximos, as Grandes e Pequenas Nuvens de Magalhães. Interessantemente, a Via Láctea não sofreu fusões com galáxias de massa similar em todo o seu tempo de vida.

Essas uniões são catastróficas: a colisão desencadeia a rápida formação de tantas estrelas que não há gás suficiente para formar novas gerações. Após fusão maior, as galáxias tendem a se tornarem “vermelhas e mortas”, significando que elas estão preenchidas somente com escuras e pequenas estrelas vermelhas.

Contudo, a Via Láctea está em rota de colisão com sua maior e mais próxima vizinha, a galáxia de Andrômeda, segundo a NASA. Em cerca de quatro bilhões de anos, as duas galáxias começarão a colidir uma com a outra, o que fará com que a Via Láctea que conhecemos não seja mais a mesma.

Via LiveScience

Imagem destacada: NASA/JPL-Caltech

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