Os efeitos do aquecimento global são mais notáveis por causa das frequentes ondas de calor que atingem mais de 40° C. Além disso, invernos mais quentes também podem ser observados. No entanto, pesquisadores têm estudado a relação entre temperaturas extremamente frias e as mudanças climáticas.

Um exemplo desses eventos de extremo frio, como as severas tempestades de inverno, tem ocorrido com frequência nos EUA nos últimos anos. Essas tempestades ocorrem por causa de dinâmicas atmosféricas mais complexas de serem estudadas.

“Há certos aspectos das tempestades de inverno em que os vínculos com a mudança climática são bastante fortes e robustos”.

Michael Mann, climatologista da Universidade da Pensilvânia, para a Agence France-Presse

Um desses aspectos é a forma como o aquecimento da água influencia na incidência de neve. Na região dos Grandes Lagos, divisa entre os EUA e o Canadá, ocorre um mecanismo chamado “neve de efeito de lago”. 

A água aquecida desses lagos e a colisão com os ventos frios vindo do norte causam a queda de neve. Isso acarreta severas tempestades de neve, como a que aconteceu em Buffalo na última semana. A cidade, que fica à margem de um dos Grandes Lagos, foi atingida por uma forte tempestade no Natal, que chegou a congelar parcialmente as Cataratas do Niágara.

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“Quanto mais quentes as temperaturas do lago, mais umidade há no ar e maior potencial para neves com efeito de lago”, apontou Mann em um artigo publicado em 2018. Ele também menciona sobre o aumento da duração das tempestades de neve à medida que elas esquentam.

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Vértice polar e as mudanças climáticas

No entanto, não existe um consenso dos efeitos da aquecimento global no vórtice polar. O vórtice polar é uma barreira de ar em cima do Polo Norte que circula de oeste para leste e separa o ar frio do Ártico do ar quente das regiões mais ao sul.

Quando o vórtice polar enfraquece, ele assume uma forma mais oval, o que faz com que o ar mais frio atinja regiões mais ao sul. Essa alteração aumenta as chances de invernos mais severos como o que atingiu os EUA este mês.

Segundo Judah Cohen, autor de um estudo sobre o assunto publicado em 2021 e climatologista da Atmospheric and Environmental Research (AER), as perturbações do vórtice são causadas pelas mudanças que tem ocorrido no Ártico e que são aceleradas pelas mudanças climáticas.

Pesquisas futuras se fazem necessárias para revelar como o aquecimento global interage com as extremas tempestades de frio, formando complexas reações em cadeia.

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