Presa em uma atmosfera nebulosa que esconde lagos rasos de hidrocarbonetos líquidos, Titã, a maior lua de Saturno, é um mundo sombrio que os cientistas estão ansiosos para olhar de perto. É por isso que a NASA está se preparando para enviar um drone para examinar o cenário em 2027.

Se tudo correr como o previsto, a missão Dragonfly (libélula, em inglês) vai chegar em Titã em 2034, pousando no campo de dunas de Shangri-lá, perto da Cratera Selk. Pesquisadores descrevem o local como uma “área cientificamente notável” digna de exploração.

Ilustração artística 3D mostra o conceito do drone robótico Dragonfly, projetado pela NASA para estudar a lua Titã, de Saturno. Imagem: NASA/JHU-APL

Dragonfly consiste em um helicóptero que funcionará de forma semelhante a um drone de consumo quando chegar à zona de pouso. Conforme os planos da NASA, a “libélula robótica” vai pesar cerca de 450 kg, com oito rotores de um metro de diâmetro cada.

Ainda segundo a agência, o drone deve voar a uma velocidade máxima de 36 quilômetros por hora, acumulando voos periódicos mais longos e distantes de seu local de pouso inicial – tal qual acontece com o helicóptero Ingenuity, em Marte.

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A sonda Dragonfly deve ser lançada pela NASA em 2027 e chegar à maior lua de Saturno Titã, em 2034, se tudo correr conforme o planejado. Imagem: Whitelion61 – Shutterstock

Titã é um mundo ativo e gelado com uma atmosfera rica em nitrogênio e oceanos subterrâneos de água líquida, onde chove metano para encher lagos e rios fluindo na superfície. 

Segundo a NASA, Dragonfly está pronta para ver de perto tudo isso e, possivelmente, descobrir pistas sobre as origens da vida. Equipada com um conjunto completo de instrumentos científicos, a sonda interplanetária será capaz de voar vários quilômetros entre pontos geológicos de interesse na superfície de Titã. 

Além de ser a maior lua de Saturno, essa também é a segunda maior lua do sistema solar, atrás apenas de Ganimedes, de Júpiter. Titã é maior que o planeta Mercúrio, com uma atmosfera que a torna quatro vezes mais densa que a Terra. 

Justamente por causa de seu tamanho e da menor gravidade, emparelhados com sua espessa atmosfera, esse corpo se torna o candidato perfeito para um explorador robótico como a sonda Dragonfly.

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Sonda da NASA vai extrair amostras da maior lua de Saturno

O equipamento foi projetado para analisar as propriedades da lua, incluindo sua composição atmosférica e a composição química de seus diferentes corpos líquidos acima e abaixo do solo.

Além disso, o drone vai analisar amostras extraídas da superfície de Titã. Usando o instrumento DrACO (sigla para Broca para Aquisição de Organismos Complexos), a sonda Dragonfly vai escavar material de superfície com menos de um grama de cada vez. 

Esses espécimes serão armazenados e analisados internamente, dentro de parte do corpo principal do drone conhecida como “sótão”. O sótão da Dragonfly abriga outro instrumento, chamado Espectrômetro de Massa Dragonfly (DraMS), que funciona de forma semelhante ao espectrômetro do Curiosity, rover da NASA que estuda Marte, e foi projetado pela mesma equipe.

O espectrômetro trabalha para identificar a composição química de uma amostra, quebrando sua composição molecular através de um processo de ionização (que envolve a vaporização de amostras com um laser dentro de um pequeno forno a bordo). Esse processo permite que o DraMS examine os compostos individuais de uma amostra. 

Segundo a NASA, saber o que exatamente compõe a superfície de Titã pode ter enormes implicações para pesquisadores de astrobiologia, cientistas e a humanidade como um todo.

Os cientistas planejam usar o DrACO e o DraMS para sondar o ambiente de Titã para determinar sua habitabilidade e procurar o tipo de marcadores químicos indicativos de vida ou pré-vida. 

Melissa Trainer, cientista líder do instrumento DraMS na NASA, é uma das pesquisadoras que esperam que pistas sobre o início da vida na Terra possam ser encontradas na lua de Saturno. “Queremos saber se o tipo de química que poderia ser importante para os primeiros sistemas pré-bioquímicos na Terra está ocorrendo em Titã”.

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