Uma pesquisa recente encontrou evidências de que bactérias resistentes a antibióticos podem ser transmitidas entre cães, gatos de estimação e humanos. Ao todo, sete pets analisados (seis de Portugal e um do Reino Unido) carregavam bactérias multirresistentes semelhantes às encontradas em seus donos.

A descoberta, segundo os pesquisadores, alerta para a importância de incluir pessoas com animais de estimação em casa em programas para reduzir a propagação superbactérias. 

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Como foi feita a pesquisa:

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  • Cães, gatos e outros animais de estimação são conhecidos por disseminar patógenos que podem causar doenças humanas. 
  • Juliana Menezes e colegas da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, Portugal, queriam saber se os animais de estimação tratados com antibióticos partilham agentes patogênicos com seus donos.
  • O estudo envolveu cinco gatos, 38 cães e 78 humanos de 43 famílias em Portugal e sete cães e oito humanos de sete famílias no Reino Unido.
  • Os pesquisadores testaram amostras fecais de cães e gatos e seus donos para ‘Enterobacterales’ (uma família de bactérias que inclui a E. coli e a Klebsiella pneumoniae) resistentes a antibióticos comuns.

Eles se concentraram em bactérias resistentes às cefalosporinas de terceira geração, usadas para tratar meningite, pneumonia e sepse, e carbapenêmicos, considerados a última linha de defesa quando outros antibióticos não surtem efeito. 

Quais foram as descobertas

Em Portugal, um cão foi colonizado por uma estirpe de Escherichia coli multirresistente. Três gatos, 21 cães e 28 donos abrigavam Enterobacterales resistentes às cefalosporinas de terceira geração.

  • Em oito residências, duas casas com gatos e seis com cães, tanto o animal de estimação quanto o dono eram portadores de bactérias.
  • Em seis dessas casas, o DNA das bactérias isoladas dos animais(um gato e cinco cachorros) e donos era semelhante, o que significa que essas bactérias foram provavelmente transmitidas entre animais e humanos. 

No Reino Unido, um cão também foi colonizado por E. coli multirresistente. Enterobactérias foram isoladas de cinco cães e três proprietários.

  • Em duas residências com cães, tanto o animal de estimação quanto o dono eram portadores de bactérias.
  • Em uma dessas casas, o DNA da bactéria isolada do cachorro e do dono era semelhante, sugerindo que a bactéria provavelmente passou de um para o outro. 

Neste estudo, fornecemos evidências de que bactérias resistentes a cefalosporinas de terceira geração, antibióticos extremamente importantes, estão sendo transmitidas de animais de estimação para seus donos. (…) Cães e gatos podem ajudar na disseminação e persistência dessas bactérias na comunidade e é de vital importância que sejam incluídos nas avaliações de resistência antimicrobiana.

Todos os cães e gatos foram tratados com sucesso após a pesquisa. Já os proprietários não tiveram infecções e, portanto, não precisaram de nenhum tratamento.

O que fazer para se proteger? 

Vale destacar que a resistência aos antibióticos está atingindo níveis críticos. Para ter uma ideia, infecções resistentes a medicamentos já matam 700.000 pessoas por ano no mundo, número que pode saltar para 10 milhões até 2050 caso nenhuma medida preventiva seja adotada, revela uma projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A entidade inclusive já classifica a resistência a antibióticos como uma das maiores ameaças à saúde pública enfrentadas pela humanidade.

“Os proprietários podem reduzir a propagação de bactérias multirresistentes praticando uma boa higiene, incluindo lavar as mãos depois de recolher os dejetos de seus cães ou gatos e até mesmo depois de acariciá-los”, acrescenta o estudo.

Mais detalhes sobre os achados serão apresentadas entre 15 e 18 de abril em um importante congresso de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID) em Copenhague, na Dinamarca. 

Via: Phys.org

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