Após lançar uma missão histórica para a Lua no mês passado (com pouso previsto para a próxima semana), a Índia agora se prepara para outra empreitada espacial. O alvo, desta vez, é o Sol, que se tornará objeto de estudo de um equipamento chamado Aditya-L1.
Se tudo correr conforme o planejado, o primeiro observatório solar da Índia vai decolar no início de setembro, a partir de uma plataforma na Ilha de Sriharikota, na costa leste do país, onde chegou na segunda-feira (14).
“Aditya” é o nome da nossa estrela-hospedeira em sânscrito, e “L1” é a sigla de “1º Ponto de Lagrange”, em referência à área no céu onde o equipamento vai orbitar entre a Terra e o Sol.
Os Pontos de Lagrange são localizações no espaço onde os campos gravitacionais de dois corpos maciços estão em equilíbrio com a força centrífuga de um terceiro objeto, cuja massa é desprezível em relação a eles (por exemplo, um telescópio espacial em relação à Terra e ao Sol). Estar em equilíbrio significa que as forças se cancelam. Uma espaçonave em um desses pontos pode permanecer na posição quase sem gastar combustível.
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Observatório solar da Índia vai investigar as ejeções de massa coronal
Embora o Sol seja estudado há muito tempo, os astrônomos ainda não compreendem totalmente como sua camada atmosférica mais externa, conhecida como coroa, fica tão quente – sendo um milhão de graus Celsius mais quente do que a superfície da estrela.
Pouco se sabe sobre o que acontece antes das explosões solares e da liberação de enormes nuvens de plasma chamadas ejeções de massa coronal (CMEs) para o espaço – às vezes, em direção à Terra. Também se desconhece como as CMEs aceleram a tão altas velocidades perto do disco solar.
Segundo a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO), espera-se que o observatório Aditya-L1 forneça algumas pistas sobre esses mistérios de décadas.
Vizinho do SOHO
Embora ainda não tenha sido anunciada uma data precisa para o lançamento da missão, a mídia local especula que a espaçonave deve decolar no topo de um foguete de quatro estágios chamado Veículo Lançador de Satélite Polar (PSLV) na primeira semana de setembro.
Após o lançamento, o PSLV vai colocar o observatório em um caminho circular e estável ao redor da Terra. Assim que os cientistas tiverem certeza de que seus sete instrumentos a bordo sobreviveram ao processo em boa forma, a órbita circular da espaçonave será esticada para um caminho elíptico que dará início à uma jornada de quatro meses até o destino final.
O Ponto de Lagrange L1 fica a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, de onde o observatório terá uma visão ininterrupta do Sol. É neste mesmo lugar que orbita o Observatório Solar e Heliosférico (SOHO), um satélite da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA) que estuda a atividade solar desde 1996.
De acordo com o site Space.com, o observatório Aditya-L1 é um projeto de quase US$45 milhões (R$223,7 milhões, em uma conversão direta) e está em desenvolvimento há 15 anos.
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