É possível que a preguiça gigante tenha andado pela Terra por mais tempo que se sabe. Pesquisadores localizaram uma vértebra do animal na maior caverna da Amazônia, em Aveiro, no Pará, indicando que a espécie pode ter chegado viva à Era do Gelo. O fóssil ainda deve ser analisado para determinar a idade exata, mas, se a informação for confirmada, pode mudar a compreensão sobre esses animais.
Leia mais:
- Vale recorre para explorar caverna de preguiça-gigante
- Pesquisador encontra feto de preguiça gigante, mas só divulga 40 anos depois
- Big data ajuda pesquisadores a entenderem coexistência de aves
Fóssil da preguiça gigante
O fóssil da vértebra da preguiça gigante (uma preguiça de grande porte chamada Mylodontidae) foi encontrado na caverna Paraíso, que tem mais de sete quilômetros e ainda não foi inteiramente estudada.
Como não foram encontradas outras peças na caverna, trata-se de um “local de ocorrência, não um sítio paleontológico”, disse Elver Mayer, responsável pelo Grupo de Estudos em Paleontologia do Instituto de Estudos do Xingu/Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, ao Uol.
Diria que essa descoberta foi acertar a quina [com seis números]. Ganhar na loteria seria achar um sítio com grande densidade de fósseis, em vez de um ou outro isolado. A evolução do clima na região parece não ter favorecido a preservação de fósseis. A circulação hídrica é grande, isso transporta, fragmenta e deteriora os esqueletos que poderiam originar os fósseis.
Elver Mayer
Outras informações
A escavação no local e nos arredores começou em setembro de 2022, em busca de fósseis do período Quaternário (desde a Era do Gelo até agora).
A pesquisa também encontrou peças fossilizadas nas paredes, algo raro no Brasil, de invertebrados marinhos que viveram de 350 a 300 milhões de anos atrás.
Preguiça gigante e futuro do fóssil
- As preguiças gigantes como a encontrada recentemente viveram na Amazônia de 23 até 5 milhões de anos atrás (no que ficou conhecido como Mioceno), disse Mayer à Fapesp;
- Elas são animais de grande porte, entre três e quatro metros de altura, podendo pesar até duas toneladas;
- O achado pode indicar que elas sobreviveram por mais tempo do que se tinha conhecimento, chegando à Era do Gelo, há cerca de 2,7 milhões de anos;
- Agora, o fóssil passará por um processo de análise de DNA no Laboratório de Arqueologia e Antropologia Ambiental e Evolutiva da Universidade de São Paulo (USP) para determinar a idade exata e confirmar ou não as suspeitas.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!