Medicina e Saúde

Coronavírus pode ficar no espermatozoide até 110 dias após a infecção

O vírus Sars-CoV-2, responsável pelo coronavírus, pode estar presente nos espermatozoides de pacientes até 90 dias após a alta hospitalar e até 110 dias após a infecção inicial. A conclusão é de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e aponta para o risco de redução da qualidade do sêmen.

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Covid-19 foi identificada em espermatozoides (Imagem: Christoph Burgstedt/Shutterstock)

Quarentena é indicada para quem pretende ter filhos

Os pesquisadores usaram tecnologias de PCR (teste molecular que detecta o material genético viral) em tempo real para detecção de RNA e de microscopia eletrônica de transmissão (TEM) para analisar espermatozoides ejaculados por homens que foram infectados pela Covid-19.

Foram analisadas amostras de sêmen de 13 pacientes infectados e que desenvolveram a doença nas formas leve, moderada e grave atendidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, com idade entre 21 e 50 anos, em um período de até 90 dias após a alta e 110 dias após o diagnóstico.

Apesar de todos terem testado negativo para a presença do Sars-CoV-2 no teste de PCR do sêmen, o vírus foi identificado em espermatozoides de oito dos 11 (72,7%) pacientes com doença moderada a grave até 90 dias após a alta hospitalar, o que, segundo os autores, não quer dizer que não esteja presente por mais tempo.

O Sars-CoV-2 também foi identificado em um dos dois pacientes com Covid-19 leve. Assim, entre os 13 infectados, nove (69,2%) tiveram o vírus detectado de forma intracelular nos espermatozoides ejaculados. Outros dois pacientes apresentaram desarranjos ultraestruturais nos gametas semelhantes aos observados nos pacientes em que o vírus foi diagnosticado. Desse modo, os pesquisadores consideram que, ao todo, foram 11 os participantes com a presença viral dentro do gameta masculino.

O estudo, publicado na revista Andrology, alerta para a necessidade de se considerar um período de “quarentena” após a doença para quem pretende ter filhos.

Covid-19 pode reduzir a qualidade do sêmen (Imagem: Reprodução)

Impactos da Covid-19 à saúde reprodutiva e sexual

  • Os resultados revelaram que os espermatozoides produzem armadilhas extracelulares baseadas em DNA nuclear para neutralizar o agente agressor e se “suicidam” no processo.
  • Em outras palavras, a célula se “sacrifica” para conter o patógeno.
  • Isso pode significar impactos graves da Covid-19 na saúde reprodutiva e sexual de pacientes.
  • O estudo ainda aponta que o sexo masculino per se ser um fator de risco para maior mortalidade e gravidade da infecção pelo Sars-CoV-2.
  • Uma das hipóteses está ligada ao fato de os testículos apresentarem uma grande quantidade de receptores ACE2 (proteína usada pelo vírus para invadir a célula humana) e da proteína TMPRSS2 (responsável pela ligação do vírus aos receptores ACE2), enquanto, nas mulheres, os ovários têm somente os receptores ACE2.

Esta post foi modificado pela última vez em 29 de maio de 2024 11:12

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Publicado por
Alessandro Di Lorenzo