(Imagem: Tada Images/Shutterstock)
Nesta semana, milhares de páginas de documentos internos do Google foram vazados, revelando como o algoritmo do mecanismo de busca da empresa funciona. O que intrigou especialistas em SEO é que os documentos sugerem que o Google pode estar usando dados de cliques e usuários do Chrome, algo que contradiz declarações anteriores da empresa.
Apesar de alertar para a interpretação das informações compartilhadas, a big tech confirmou a veracidade dos dados. Com isso, o vazamento levantou questões sobre o próprio funcionamento do mecanismo de pesquisa e como otimizar o SEO de sites.
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O Olhar Digital reportou o caso completo neste link. Relembre o que aconteceu:
Em nota ao The Verge por e-mail, o porta-voz do Google, Davis Thompson, confirmou a autenticidade dos documentos vazados, mas pediu cautela na interpretação, pois algumas informações podem estar “fora de contexto, desatualizadas ou incompletas”. O Olhar Digital reportou a repercussão do caso aqui.
O mecanismo de busca do Google sempre foi um grande segredo da internet. Há anos, especialistas em SEO (estratégias de otimização de sites para mecanismos de busca) e proprietários de sites tentam desvendá-lo na busca por melhores colocações e, consequentemente, cliques e receita.
Ou seja, cada declaração pública da big tech dá dicas de como otimizar a operação na internet. Os documentos internos contradizem alguns fatores que o Google já tinha revelado anteriormente, o que muda a forma como esses especialistas em SEO terão que trabalhar.
Por exemplo, como lembrou o The Verge, o processo antitruste do Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra a companhia já havia revelado um fator de classificação chamado Navboost, que usa cliques para elevar conteúdo na pesquisa. O Google havia indicado que não usava os cliques.
Outro ponto importante destacado pelos especialistas em SEO Rand Fishkin e Mike King, que repercutiram o vazamento, é sobre a influência dos dados do Chrome no ranking de busca.
O Google havia afirmado que não usava nada do navegador na hora de classificar as pesquisas, mas não foi o que o documento vazado mostrou, colocando em xeque a palavra da empresa. Uma seção do vazamento lista os “chrome_trans_clicks”, algo que pode significar que a big tech monitora os cliques do Chrome e usa isso para determinar os sites mais populares e priorizá-los na busca.
Outra menção do documento é o “Twiddlers”, ajustes de classificação implantados fora das principais atualizações do sistema. Eles estariam aumentando ou rebaixando conteúdos na busca de acordo com critérios determinando, como elementos de uma página, autor e “autoridade” dos sites.
Fishkin ainda indica que há fatores não expostos pelos documentos que também estão sendo usados pelo algoritmo de pesquisa do Google, como resultados gerados por IA.
Para Fishkin, o vazamento mostra como o Google não é totalmente honesto sobre seu mecanismo de busca e como sua palavra não pode pautar a internet inteira (pelo menos no que diz respeito aos resultados no buscador).
Jornalistas e editores de informações sobre SEO e Pesquisa Google precisam parar de repetir acriticamente as declarações públicas do Google e adotar uma visão muito mais dura e contraditória dos representantes do gigante das buscas. Quando as publicações repetem as afirmações do Google como se fossem fatos, estão ajudando o Google a contar uma história que só é útil para a empresa e não para profissionais, usuários ou o público.
Rand Fishkin
Esta post foi modificado pela última vez em 31 de maio de 2024 15:38