Representação artística 3D do asteroide Bennu. Crédito: joshimerbin - Shutterstock
Um artigo publicado quarta-feira (26) na revista Meteoritics & Planetary Science descreve uma descoberta surpreendente sobre o asteroide Bennu: ele pode ser parte de um antigo mundo oceânico já extinto.
Essa conclusão vem de análises feitas em fragmentos das amostras coletadas na rocha espacial pela missão OSIRIS-REx, da NASA.
Sobre a missão OSIRIS-REx:
Desde a chegada das amostras, cientistas em todo o mundo estão ansiosos para examiná-las. Eles esperam encontrar informações valiosas sobre a composição molecular de Bennu, que podem fornecer pistas sobre a história do Sistema Solar e a origem da vida na Terra.
Formado na mesma época que nosso sistema planetário, Bennu pode conter moléculas prebióticas e até mesmo água, que poderiam ter contribuído para a habitabilidade do nosso mundo.
As análises iniciais já trouxeram resultados promissores. A equipe liderada por Dante Lauretta, investigador principal da OSIRIS-REx na Universidade do Arizona, já identificou evidências de carbono e água nas amostras. No entanto, a descoberta mais surpreendente foi a presença de fosfato de magnésio-sódio, um composto não detectado anteriormente nos dados de sensoriamento remoto da sonda.
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“O fosfato de magnésio-sódio em Bennu sugere que o asteroide pode ter se separado de um mundo oceânico primitivo e há muito desaparecido”, explicou Lauretta em um comunicado da NASA. A presença deste composto indica que Bennu pode ter tido um passado aquoso, levantando a hipótese de que ele fez parte de um corpo celeste mais úmido.
A coleta das amostras ocorreu em 20 de outubro de 2020, quando a OSIRIS-REx utilizou seu Mecanismo de Aquisição de Amostra Touch-and-Go (TAGSAM) para capturar regolito da superfície de Bennu, em um local chamado Nightingale, que fica na cratera Hokioi, no hemisfério norte do asteroide.
Análises mais detalhadas das amostras revelaram que o regolito é composto predominantemente por filossilicatos contendo magnésio, principalmente serpentinitos e esmectites. Esses tipos de rocha são típicos de cordilheiras oceânicas na Terra. A comparação com suas contrapartes terrestres pode oferecer informações sobre o passado geológico de Bennu e o ambiente oceânico do qual ele pode ter se originado.
As descobertas na superfície de Bennu indicam que, apesar de possíveis alterações pela água ao longo do tempo, o asteroide ainda preserva características antigas da época da formação do Sistema Solar. Os materiais da superfície da rocha contêm elementos da nuvem de gás e poeira original, conhecida como disco protoplanetário, de onde os planetas se formaram.
Além do fosfato de magnésio-sódio, as amostras também são ricas em carbono, nitrogênio e compostos orgânicos. Estes são componentes essenciais para a vida, sugerindo que asteroides como Bennu podem ter contribuído para a química prebiótica que levou ao surgimento da vida na Terra.
Esta post foi modificado pela última vez em 27 de junho de 2024 12:01