(Imagem: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Estudantes da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da USP, desenvolveram modelos hidrológicos e hidrodinâmicos que prometem revolucionar a prevenção de desastres naturais. Eles também servem para o monitoramento de desastres e antecipação de eventos extremos do clima.
Com técnicas avançadas de simulações de inundações em rios e várzeas, mesmo em locais com pouca ou nenhuma informação coletada previamente, esses modelos oferecem previsões mais detalhadas. E contribuem para a definição de políticas públicas em áreas de risco, além de aprimorar os sistemas de alerta.
A primeira versão do modelo foi publicada numa revista especializada e aplicada em situações práticas – por exemplo: o planejamento da drenagem da cidade de São Carlos (SP) e a prevenção de rompimentos de barragens. Além disso, os modelos têm sido utilizados em bacias antropizadas na Índia e nos EUA.
Mário Mendiondo, professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC e coordenador do grupo de alunos, ressalta a importância dos novos modelos para simular eventos hidrológicos extremos, especialmente em biomas sul-americanos.
Segundo ele, as simulações realizadas em regiões da África e do Oriente Médio demonstram a capacidade dos modelos em ajudar na prevenção de desastres, com base nas recomendações da Organização Meteorológica Mundial (OMM) para a iniciativa Alertas Antecipados para Todos.
A meta é testar os novos modelos até o final de 2024 e torná-los operacionais para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), agendada para 2025 no Brasil.
Trabalhamos em conjunto com uma extensa rede de parceiros ao redor do mundo, seguindo a filosofia de código aberto, o que permite que comunidades locais adaptem e melhorem os modelos conforme suas necessidades.
Mário Mendiondo, professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC
A abordagem colaborativa é um dos pilares do projeto, que busca integrar pesquisadores jovens entre si e promover a ciência comunitária.
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Apesar do avanço dos modelos meteorológicos, Mendiondo destaca que eles sozinhos não são suficientes para prever impactos de enchentes ou inundações na superfície terrestre.
Ele explica que os modelos hidrológicos e hidrodinâmicos precisam de informações detalhadas sobre o solo e a meteorologia em tempo real para serem mais assertivos. Essas informações são essenciais para estimar até onde as águas subirão e, assim, salvar vidas.
Um exemplo da relevância desses modelos foi a tragédia causada pelas chuvas intensas no Rio Grande do Sul neste ano. Embora houvesse alertas prévios sobre as chuvas, a falta de integração com modelos hidrológicos deixou as autoridades locais despreparadas para lidar com o desastre.
Além de prevenir inundações, os novos modelos também ajudam a estimar impactos de secas severas e otimizar o uso de reservatórios de água doce.
O projeto foi desenvolvido no laboratório Water-Adaptive Design & Innovation (TheWADILab), em colaboração com professores e alunos da EESC e da Universidade do Texas, em San Antonio, EUA. Mais detalhes estão disponíveis no Jornal da USP.
Esta post foi modificado pela última vez em 2 de setembro de 2024 21:22