Imagem: Alekk Pires/Shutterstock
O desmatamento do Cerrado contribuiu para um volume de emissões de dióxido de carbono (CO₂), entre janeiro de 2023 e julho de 2024, 1,5 vez maior que o total gerado pela indústria brasileira anualmente. Os dados fazem parte de um relatório divulgado nesta quarta-feira (18) pelo SAD Cerrado, sistema de alerta desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).
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O Cerrado é o segundo maior bioma do país em extensão, ficando atrás apenas da Amazônia. Sua área cobre estados como Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, sul do Mato Grosso, oeste de Minas Gerais, Distrito Federal, oeste da Bahia, sul do Maranhão, oeste do Piauí e partes de São Paulo, além de partes do Paraná e da Amazônia.
O desmatamento está concentrado principalmente na região do Matopiba, uma fronteira agrícola que engloba partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Essa área foi responsável por 80% das emissões, com 108 milhões de toneladas de CO₂ liberadas, o equivalente a metade das emissões do setor de transportes.
De acordo com os pesquisadores responsáveis pela pesquisa, mais de 60% da vegetação restante do Cerrado está localizada em áreas privadas, onde o desmatamento pode ser legalmente realizado em até 80% das terras. Segundo o Ipam, isso representa um desafio para a preservação do bioma, que necessita de políticas de incentivo à conservação e uma maior fiscalização do desmatamento ilegal.
O estado com mais emissões de dióxido de carbono no período foi o Maranhão, com 35 milhões de toneladas resultantes do desmatamento de 301 mil hectares de vegetação nativa. Em Tocantins, foram emitidas 39 milhões de toneladas, provenientes do desmate de 273 mil hectares. Já a Bahia, liberou 24 milhões de toneladas, enquanto o Piauí fecha a lista dos maiores emissores, com 11 milhões de toneladas de CO₂ emitidas.
Cientistas alertam para a gravidade da situação. O aumento da temperatura causado pelos gases de efeito estufa afeta as taxas de evapotranspiração das plantas, impactando a circulação atmosférica e, consequentemente, o regime hídrico, energético e alimentar, o que influencia diretamente a economia brasileira.
Esta post foi modificado pela última vez em 18 de setembro de 2024 12:53