Aquecimento global secou bastante muitos rios da Terra (Mer Diez/Shutterstock)
Nesta segunda-feira (7), a Organização Meteorológica Mundial (OMM) Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou relatório preocupante. O documento aponta que 2023 foi o ano mais seco para os rios do mundo todo em 30 anos.
Isso porque, no ano passado, o recorde de calor propiciou a secagem de fluxos de água, contribuindo também para secas prolongadas em certos lugares.
Além de tratar sobre os rios, o documento também abrange lagos, reservatórios, águas subterrâneas, umidade do solo, armazenamento de água terrestre, cobertura de neve e geleiras, bem como a evaporação de água da terra e das plantas.
A OMM usou dados da ONU Água afirmar que cerca de 3,6 bilhões de pessoas passam por acesso inadequado à água por, ao menos, um mês por ano, sendo que o número deve aumentar para cinco bilhões até 2050.
Ainda, o órgão afirma que 70% de toda a água que extraímos dos sistemas hidrológicos é destinado à agricultura.
2023 foi o ano mais quente já registrado, assim como o último verão, considerado o mais quente até hoje. Isso levanta preocupações para novos recordes já em 2024.
“Nos (últimos) 33 anos de dados, nunca tivemos uma área tão grande ao redor do mundo sob condições tão secas”, disse Stefan Uhlenbrook, diretor de hidrologia, água e criosfera da OMM.
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Como era de se imaginar, o Brasil também tem rios que sofrem com as secas recentes. O relatório apontou que, além de nosso país, o sul dos Estados Unidos, América Central, Peru e Uruguai têm seca generalizada de “os menores níveis de água já observados na Amazônia e no Lago Titicaca”, localizado entre Peru e Bolívia.
Por aqui, o documento aponta que “a Amazônia teve chuvas abaixo do normal, com oito estados experimentando a menor precipitação de julho a setembro em mais de 40 anos”.
A exemplo, o Rio Negro, localizado em Manaus (AM), registrou o menor nível de água desde 1902: apenas 12,7 m de altura. “A região amazônica sofreu uma perda de armazenamento entre 2022 e 2023, resultando na maior seca já registrada na bacia”, explica o relatório.
No sudeste do País, há “perda de armazenamento nos poços de monitoramento com provável origem no padrão típico de precipitação induzido pelo La Niña”. E, na última sexta-feira (4), o Rio Negro bateu recorde de nível baixo de água por conta da seca na Amazônia, quando atingiu menos ainda que o apontado pelo estudo: 12,66 m. Além disso, a OMM apontou que metade do planeta passou por condições de fluxo de rio seco em 2023.
Por enquanto, os dados de 2024 estão indisponíveis, mas Uhlenbrook pontuou que o verão extremamente quente, “muito provavelmente”, mostrará baixos fluxos de rios também neste ano e, “em muitas partes do mundo, esperamos mais escassez de água”.
Por fim, o órgão pede melhoras na coleta e compartilhamento de dados, de modo a termos o verdadeiro cenário dos recursos hídricos e auxiliar aos países a tomar medidas em resposta.
Esta post foi modificado pela última vez em 9 de outubro de 2024 11:12