Imagem: gerada por inteligência artificial (Dall-E)/Nayra Teles
E se pudéssemos prever como um câncer vai progredir só pelo formato do tumor? Um novo dispositivo desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da Faculdade de Ciências Aplicadas e Engenharia da Universidade de Toronto promete permitir esse tipo de análise.
A plataforma Recoverable-Spheroid-on-a-Chip with Unrestricted External Shape (ReSCUE) permite controlar e cultivar tumores em diversos formatos para entender seu comportamento e a agressividade das células cancerígenas. A tecnologia pode futuramente ajudar a direcionar tratamentos com mais eficácia.
Detalhes sobre o dispositivo foram publicados em artigo na revista Advanced Materials.
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A maneira como as células cancerígenas se organizam e formam tumores também pode ser um fator determinante da agressividade da doença. A cientista Sina Kheiri, coautora principal do estudo, fez essa descoberta enquanto observava as proporções dos tumoroides — modelos que imitam tumores reais — na nova plataforma.
Ela percebeu que, dependendo da curvatura e do formato deles, o comportamento celular variava. Estudos mais aprofundados revelaram que tumoroides em formato de disco, bastonete e U tendiam a ter mais atividade celular e maior proliferação nas curvaturas positivas (extremidade do tumor que se curva para fora). Ou seja, essas áreas podem ser mais agressivas e crescer de forma mais rápida, comparados com tumores mais planos.
Segundo a pesquisadora, analisar esses detalhes faz toda a diferença na avaliação e no tratamento de um câncer.
Compreender a relação entre o formato do tumor e o comportamento celular é importante para prever a agressividade do tumor e planejar estratégias de tratamento adequadas, como radioterapia direcionada ou administração de medicamentos.
Sina Kheiri para o Medical Xpress
Os pesquisadores esperam que a plataforma ReSCUE ajude a estudar como diferentes formas de tumores reagem a tratamentos como medicamentos, radioterapia e quimioterapia. Assim, as terapias podem ser direcionadas com mais eficácia conforme o caso do paciente.
A equipe continua trabalhando no desenvolvimento da plataforma e recentemente enviou uma patente nos Estados Unidos. A ideia é tornar os modelos mais realistas, com funções mais complexas.
Esta post foi modificado pela última vez em 18 de novembro de 2024 16:16