Tecidos cerebrais são mais afetados do que órgãos como fígado e rim (Imagem: Chinnapong/iStock)
O acúmulo de microplásticos no cérebro pode estar relacionado ao surgimento de demência. É o que sugere um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Ottawa, no Canadá, publicado na revista científica Nature Medicine.
Os cientistas descobriram que os cérebros humanos contêm aproximadamente uma colher de microplásticos e nanoplásticos (MNPs), nível que pode ser de três a cinco vezes maior em pessoas diagnosticadas com demência.
Além disso, tecidos cerebrais apresentaram concentrações até 30 vezes maiores de MNPs em comparação a outros órgãos, como o fígado ou o rim.
Por ano, são emitidos entre 10 e 40 milhões de toneladas de microplásticos para o ambiente — e esse número pode duplicar até 2040. São elementos que estão presentes nos alimentos que comemos, na água que bebemos e no ar que respiramos.
Partículas menores que 200 nanômetros, predominantemente compostas de polietileno, são as mais preocupantes, segundo os pesquisadores, porque “mostram notável deposição em paredes cerebrovasculares e células imunes”.
“Esse tamanho permite que elas potencialmente cruzem a barreira hematoencefálica, levantando questões sobre seu papel em condições neurológicas”, diz o artigo.
Leia Mais:
Os pesquisadores ponderam que eliminar completamente a exposição aos microplásticos não é realista, mas há práticas cotidianas que podem reduzir a sua ingestão — e consequentemente os riscos para a saúde a longo prazo.
“A água engarrafada sozinha pode expor as pessoas a quase tantas partículas de microplástico anualmente quanto todas as fontes ingeridas e inaladas combinadas”, diz o Dr. Brandon Luu, residente em medicina interna da Universidade de Toronto. “A troca para água da torneira pode reduzir essa exposição em quase 90%, tornando-se uma das maneiras mais simples de reduzir a ingestão de microplásticos.”
“Aquecer alimentos em recipientes de plástico — especialmente no micro-ondas — pode liberar quantidades substanciais de microplásticos e nanoplásticos”, explica Luu. “Evitar o armazenamento de alimentos em plástico e usar alternativas de vidro ou aço inoxidável é um passo pequeno, mas significativo, para limitar a exposição”.
Esta post foi modificado pela última vez em 5 de março de 2025 16:20