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Crise climática: 2024 acendeu alerta vermelho, diz relatório da ONU

A Organização Meteorológica Mundial (OMM), a agência climática da ONU, divulgou nesta quarta-feira (19) um novo relatório sobre a crise climática global. O trabalho aponta que 2024 ficará marcado na história de forma negativa.

Segundo os pesquisadores, este foi o primeiro ano a ultrapassar a marca de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. A temperatura média global próxima à superfície foi de 1,55°C acima da média registrada entre 1850 e 1900.

Calor histórico e aumento das emissões de gases de efeito estufa

O relatório também aponta que a concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO₂), assim como a de metano e óxido nitroso, está nos níveis mais altos dos últimos 800 mil anos. Em 2023, a concentração de CO₂ foi de 420 partes por milhão (ppm), 151% do nível pré-industrial, em 1750. Esse valor corresponde a 3.276 bilhões de toneladas de gás na atmosfera. Dados em tempo real de locais específicos mostram que os níveis continuaram a aumentar em 2024.

Além disso, o trabalho destaca que os últimos dez anos (2015-2024) foram, individualmente, os mais quentes já registrados. De junho de 2023 a dezembro de 2024, todos os meses superaram os recordes anteriores. O forte El Niño no início de 2024 contribuiu para o recorde, mas os gases de efeito estufa foram o principal fator.

Apesar dos alertas, emissões de gases de efeito estufa continuam aumentando (Imagem: Quality Stock Arts/Shutterstock)

Más notícias também para os oceanos, que absorvem cerca de 90% da energia retida pelos gases de efeito estufa, e, em 2024, atingiram a temperatura mais alta em 65 anos de medições. Nos últimos oito anos, o recorde foi superado sucessivamente, e o ritmo de aquecimento desde 2005 mais que dobrou em relação a períodos anteriores.

Esse processo, que leva séculos para ser revertido, degrada ecossistemas, reduz a biodiversidade, intensifica tempestades e contribui para a elevação do nível do mar. A acidificação da superfície oceânica também continua a crescer, afetando a biodiversidade, com impactos na pesca e nos corais.

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2024 foi o ano mais quente desde o início das medições (Imagem: Quality Stock Arts/Shutterstock)

Ainda é possível reverter o atual cenário

  • De acordo com a OMM, um único ano com aquecimento acima de 1,5 °C não indica que as metas de temperatura a longo prazo do Acordo de Paris estejam fora de alcance.
  • No entanto, os resultados servem de alerta para os impactos econômicos e sociais do aumento da temperatura média global.
  • Por conta disso, o relatório apela para a adoção de medidas urgentes das autoridades para combater a crise climática.
  • Além disso, observa a importância de fortalecer os sistemas de alerta precoce e os serviços climáticos, visando diminuir os estragos causados por eventos extremos, que se tornarão cada vez mais comuns.

Esta post foi modificado pela última vez em 19 de março de 2025 12:47

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Publicado por
Alessandro Di Lorenzo