(Imagem: Nick Greaves / Shutterstock.com)
Um molusco marinho entrou para a história como o animal mais velho já registrado no planeta. Com impressionantes 507 anos de vida, o marisco da espécie Arctica islandica nasceu por volta de 1499.
O animal foi encontrado em 2006 por cientistas do Reino Unido, durante uma expedição na costa da Islândia. Ao analisarem os padrões de crescimento em sua concha — técnica semelhante à contagem dos anéis de árvores —, pesquisadores inicialmente estimaram que ele teria entre 405 e 410 anos. Análises posteriores confirmaram que Ming, como foi apelidado pela imprensa, tinha pelo menos 507 anos.
No entanto, a longa vida de Ming logo chegou ao fim, e de uma forma controversa, que gerou críticas aos cientistas que o coletaram.
A longevidade de Ming poderia ter continuado se não fosse por um procedimento científico. Segundo os pesquisadores, o animal provavelmente morreu após ser congelado durante o processo de coleta, algo comum em expedições científicas. A revelação causou polêmica e gerou indignação entre o público.
“Recebemos e-mails nos chamando de assassinos de moluscos”, contou o professor James Scourse, da Universidade de Bangor, em entrevista à BBC. A equipe, no entanto, ressaltou que mariscos da mesma espécie são pescados comercialmente e consumidos todos os dias, principalmente em pratos como a clam chowder, tradicional sopa de mariscos da Nova Inglaterra, nos Estados Unidos.
Apesar do desfecho controverso, a coleta de Ming rendeu frutos para a ciência. Estudos com sua concha permitiram aos pesquisadores analisar mudanças nos oceanos ao longo dos últimos séculos, contribuindo para uma melhor compreensão do ambiente marinho e do impacto das mudanças climáticas.
Além disso, a pesquisa com Ming ajudou a desvendar aspectos do envelhecimento biológico. Segundo a bióloga marinha Doris Abele, da Science Nordic, uma das chaves para a longevidade da A. islandica está em seu metabolismo extremamente lento: “Quando um animal consome pouco oxigênio, normalmente também significa que ele terá uma vida longa.” Ela acredita ainda que a genética desempenha um papel essencial nesse processo.
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Um estudo publicado em 2015 reforça essa hipótese ao apontar que, com exceção da oxidação de ácidos nucleicos, os níveis de dano celular nos mariscos A. islandica não aumentam com a idade. Isso indica uma manutenção celular excepcional, o que poderia explicar sua durabilidade incomum.
A pesquisa sugere que a oxidação de ácidos nucleicos pode estar relacionada a mecanismos intrínsecos do envelhecimento — uma descoberta que pode ter aplicações em outras áreas da biologia e até na medicina.
Esta post foi modificado pela última vez em 24 de abril de 2025 13:35