Árvores saudáveis suspirando na Amazônia significam que as pessoas a milhares de quilômetros de distância podem desfrutar de uma boa (e vital) chuva (Imagem: streetflash/Shutterstock)
A Amazônia é considerada vital para a regulação do clima no nosso planeta. A floresta atua absorvendo grandes quantidades de carbono, ajudando a combater as mudanças climáticas. Ela também é essencial para a manutenção dos ciclos hidrológicos, influenciando os padrões de chuva.
Por outro lado, esse ecossistema abriga uma imensa variedade de espécies de plantas e animais. Além disso, é lar de milhares de vírus, bactérias e outros agentes microscópicos que podem causar problemas de saúde em seres humanos. Um problema agravado pela degradação do maior bioma brasileiro.
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Segundo o biólogo Joel Henrique Ellwanger, do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a ameaça só passa a existir quando acontece uma interferência humana na natureza. Ele explica que nem todo o vírus que consegue sair da floresta vai causar uma epidemia. Isso vai depender do patógeno, de ele conseguir chegar até a população humana e encontrar as condições favoráveis para se disseminar.
Quando ocorre o desmatamento em alguma região, toda a fauna que habita aquele lugar vai se mover. Muitas vezes, o animal que servia de reservatório natural para aquele patógeno foge. E os vetores, que transmitem doenças como malária e leishmaniose, vão se alimentar de sangue disponível, como o de seres humanos.
Joel Henrique Ellwanger, biólogo da UFRGS
O problema é real, mas ganha uma proporção ainda maior pelo fato de estarmos falando da Amazônia, um dos locais mais diversos do planeta. O especialista ressalta que conhecemos apenas uma gota de um imenso oceano microbiano que interage nesse ecossistema. E isso aumenta os riscos associados ao desmatamento.
Vários estudos recentes mostram que a gente não conhece quase nada em termos da diversidade de patógenos da Amazônia. São tantos os vetores e patógenos que a degradação da Amazônia se torna a tempestade perfeita para a disseminação de doenças infecciosas.
Joel Henrique Ellwanger, biólogo da UFRGS
Além da febre oropouche, outro vírus endêmico da Amazônia transmitido pela picada de mosquitos é motivo de preocupação: o mayaro. Doenças mais conhecidas, como leishmaniose, malária ou febre amarela, também devem ser consideradas. A verdade é que ninguém tem certeza absoluta sobre a possibilidade de uma nova pandemia originária do bioma. De qualquer forma, a melhor forma de evitar que isso aconteça é investir em preservação ambiental e em novas pesquisas para entender mais sobre os patógenos ali presentes.
Esta post foi modificado pela última vez em 18 de julho de 2025 14:02