Ciência e Espaço

Entenda o significado do Dia da Sobrecarga

Ainda estamos em julho, mas o mundo já está em déficit. Nesta quinta-feira, 24 de julho, marca-se o Dia da Sobrecarga, data em que a demanda por recursos naturais supera a capacidade do planeta de se regenerar no ano.

O cálculo é feito pela Global Footprint Network, uma organização de pesquisa que compara:

  • A pegada ecológica humana (consumo de recursos como água, alimentos, energia e terras para cultivo e construção).
  • A biocapacidade da Terra (capacidade dos ecossistemas de regenerar recursos e absorver resíduos).

24 de julho é o dia em que a humanidade esgota todos os recursos que a Terra consegue repor em um ano e passa a “usar o crédito” do futuro, esgotando estoques naturais e aumentando a poluição.

Conceito artístico de aquecimento global. Imagem: Bigc Studio/Shutterstock

Dia da Sobrecarga escancara desigualdade global

A data não é a mesma para todos os países. O “Norte Global”, que inclui Estados Unidos e Europa, atinge seu limite entre fevereiro e abril, pois, segundo a organização, essas nações consomem mais recursos, muitas vezes explorando países menos desenvolvidos.

Já no “Sul Global”, que inclui nações como o Brasil, o Dia da Sobrecarga costuma ocorrer entre julho e agosto. Em 2025, a data cai em 24 de julho.

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Se o mundo seguisse o padrão de consumo do “Sul Global”, o Dia da Sobrecarga seria em 1º de agosto. Inclusive, em 2024, foi nessa data que o marco foi atingido.

Os números são alarmantes. Em 1970, quando o Dia da Sobrecarga começou a ser calculado, ele ocorreu em 23 de setembro. Já em 2022 e 2023, a data caiu em agosto, mostrando como estamos esgotando os recursos cada vez mais rápido.

Imagem: Thx4Stock/iStock

Proteger o meio ambiente não é mais uma escolha — é questão de sobrevivência

Apesar do aumento de desastres naturais, ainda há quem veja a proteção ambiental como um custo desnecessário. Mas um novo estudo do World Resources Institute (WRI) mostra que investir em adaptação climática traz benefícios financeiros.

Segundo o levantamento, esses projetos evitam perdas com desastres, geram empregos, aumentam a produtividade e melhoram a saúde pública e a biodiversidade. Boa parte desses ganhos ocorre mesmo sem eventos climáticos extremos, o que reforça o valor contínuo.

Transformando CO₂ em um futuro mais verde: a inovação que captura carbono do ar e o converte em concreto sustentável (Imagem: Fahroni/Shutterstock)

Além disso, muitos investimentos também ajudam a reduzir emissões de carbono, unindo adaptação e preservação. O WRI recomenda que os governos adotem essa abordagem nos planos de desenvolvimento e usem métricas padronizadas para avaliar os impactos.

Outro estudo, da ONG Germanwatch, expõe o peso dos eventos extremos entre 1993 e 2022: quase 800 mil mortes e prejuízos de US$ 4,2 trilhões (mais de R$ 24 trilhões). Estamos falando de vítimas de tempestades, inundações, secas, ondas de calor e incêndios florestais, por exemplo. Foram mais de 9.400 eventos extremos nesse período – um retrato da urgência climática.

Tudo isso reforça o apelo por ações concretas e estruturadas rumo à COP30, marcada para 2025 em Belém, que poderá se tornar um marco global na integração da resiliência às políticas públicas. Para isso, os planos precisam sair do papel.

Esta post foi modificado pela última vez em 24 de julho de 2025 09:27

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Publicado por
Lucas Soares