(Imagem: Saulo Ferreira Angelo/Shutterstock)
Mais de 24 milhões de brasileiros com 16 anos ou mais foram vítimas de golpes envolvendo Pix ou boletos falsos nos últimos 12 meses, segundo pesquisa Datafolha em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O levantamento aponta que essas fraudes geraram um prejuízo médio de R$ 1.198 por pessoa, totalizando cerca de R$ 29 bilhões.
O estudo mostra uma mudança no perfil de crimes patrimoniais no Brasil: enquanto os roubos presenciais registram queda, os golpes digitais e extorsões online apresentam crescimento expressivo. Entre julho de 2024 e junho de 2025, 46,4 milhões de brasileiros relataram ter recebido mensagens ou ligações fraudulentas, muitas delas simulando centrais de segurança.
Fraudes como Pix e boletos falsos se tornaram a modalidade mais comum de crime patrimonial no país, atingindo especialmente pessoas das classes A e B, com maior poder aquisitivo.
A pesquisa revelou que 24 milhões de brasileiros foram vítimas de golpes envolvendo Pix ou boletos falsos, o que representa 14% da população com 16 anos ou mais. O prejuízo médio dessas fraudes é de R$ 1.198 por pessoa, totalizando quase R$ 29 bilhões no período. O levantamento aponta ainda que 37% das vítimas dessas fraudes pertencem às classes A e B, enquanto 22% estão nas classes C, D e E, indicando que os criminosos tendem a selecionar alvos com maior poder aquisitivo.
Segundo o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, o aumento dos golpes digitais está diretamente ligado à disponibilidade de dados pessoais: “Todo mundo tem isso vazado. Antes você ia à Santa Ifigênia e pegava um pendrive da Receita. Hoje você aluga por bitcoin, acessa a vida de todo mundo. Aí baixam aquilo, faz um robô e vai ligando para os celulares.”
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A pesquisa indica que os golpes digitais atingem com maior frequência pessoas de classe A e B, com idades entre 29 e 60 anos, e com maior escolaridade. Já os jovens de 16 a 24 anos tendem a ser vítimas de golpes relacionados a compras pela internet ou redes sociais, que não são entregues, com incidência de 23%, acima da média nacional de 18%. Entre os idosos, 11% sofreram fraudes bancárias, como acesso não autorizado a conta-corrente ou poupança.
De acordo com Lima, a estrutura do Estado ainda não está adequada para lidar com a complexidade dos crimes digitais: “Está pouquíssimo aparelhado para lidar com isso, inclusive em termos legais e de cooperação entre estados, União e municípios.” A pesquisa projeta que vazamentos de dados afetaram cerca de 12,3 milhões de pessoas, ou 7,3% da população, formando linhas de produção de crimes digitais operadas por facções criminosas como o PCC e o Comando Vermelho, com alto risco de lavagem de dinheiro.
Esta post foi modificado pela última vez em 14 de agosto de 2025 17:30