Abaixo da espessa camada de gelo da Antártida, há um continente rochoso com montanhas e cânions. (Imagem: Nancy Pauwels / Shutterstock)
Pesquisadores encontraram mais de 300 cânions subaquáticos na borda da Antártida. Essas formações têm influência nas correntes marítimas e são um registro do passado desse continente congelado. Entendê-las melhor poderá ser útil para aprimorar as previsões climáticas, segundo o estudo.
A equipe utilizou dados da Carta Batimétrica Internacional do Oceano Antártico (IBCSO v2), o mapa mais completo do fundo do mar nessa região, para encontrar os cânions escondidos. A descoberta foi publicada na revista científica Marine Geology.
Foram identificadas 332 trincheiras submarinas gigantes, com algumas ultrapassando os 4 mil metros de profundidade. Isso é cerca de cinco vezes mais do que estudos anteriores haviam detectado.
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Os cientistas notaram que há diferenças entre as formações nas duas principais regiões antárticas:
Segundo o estudo, essa diferença de formato reforça a hipótese de que a camada de gelo da Antártida Oriental se originou mais cedo e teve um desenvolvimento prolongado. Pesquisas anteriores sugeriram isso a partir da análise de registros sedimentares, mas cientistas ainda não haviam observado esses traços na geomorfologia do fundo do mar.
Abaixo das espessas camadas de gelo da Antártida, há um continente rochoso, com montanhas gigantes e cânions profundos. Essas formações facilitam a troca de água entre o oceano e a plataforma continental, permitindo que a água fria formada perto do gelo flua para o mar, um processo fundamental na circulação oceânica e no clima global.
Os autores da nova pesquisa destacam que os modelos atuais de circulação oceânica não reproduzem com precisão os processo físicos que ocorrem entre as massas de água e formas complexas, como os cânions submarinos. Essa desatualização limita a capacidade de prever alterações na dinâmica climática e dos oceanos.
Os pesquisadores ressaltam que o achado reforça a importância de manter a coleta de dados sobre o fundo do mar, seja por meio de expedições de campo ou de sensores remotos. Essas informações podem aprimorar os modelos climáticos, aumentando a precisão das projeções sobre os impactos das mudanças no clima global.
Esta post foi modificado pela última vez em 13 de agosto de 2025 11:17