Fragmento altamente detalhado do planeta Terra, com relevo exagerado, oceano translúcido e nuvens iluminadas pelo sol da manhã. Mar Cáspio. Elementos fornecidos pela NASA. / Crédito: Anton Balazh (Shutterstock/reprodução)
Imagine um “batimento cardíaco” vindo do planeta, emitido a cada 26 segundos. Essa pulsação não é perceptível para nós, mas sismógrafos espalhados pelo mundo registram o fenômeno há mais de 60 anos. A regularidade é tão precisa que intriga especialistas até hoje e nenhuma teoria conseguiu explicá-la por completo.
De acordo com o jornal O Globo, a jornada para decifrar este enigma começou em 1962, nas mãos do geólogo Jack Oliver. Ao analisar dados de estações sísmicas, ele identificou um sinal tão constante que se destacava mesmo na tecnologia rudimentar da época. Oliver batizou a descoberta de “uma tempestade mundial de microssismos” em um artigo publicado na prestigiada revista Nature. O que ele não poderia imaginar é que, mais de seis décadas depois, o “pulso da Terra” continuaria sem uma explicação definitiva.
O pulso gera primariamente ondas de Rayleigh, que são ondas sísmicas superficiais que se movem de maneira similar às ondas do mar, mas através do solo. Elas são mais lentas que as ondas primárias (P) e secundárias (S).
O sinal é de muito baixa frequência, em torno de 15-20 millihertz (mHz), o que está bem abaixo do limiar da audição humana e é excepcionalmente “limpo”, se propagando por milhares de quilômetros com pouca perda de coerência, sendo detectável em estações sísmicas em todo o mundo, desde as Américas até à Ásia.
O epicentro desse pulso está no Golfo da Guiné, na costa oeste da África, próximo à Baía de Bonny e à ilha de São Tomé. A intensidade do sinal é tamanha que interfere em estudos científicos, mas sua origem permanece um mistério.
Leia mais:
Desde então, várias hipóteses tentam explicar o enigma.
Apesar de seis décadas de investigações, a origem do microssismo continua sem resposta definitiva. Para alguns cientistas, ele pode estar ligado a sistemas vulcânicos ou magmáticos ainda pouco compreendidos. Para outros, é o oceano quem dita o ritmo dessa batida subterrânea.
Enquanto a ciência busca explicações, a Terra segue emitindo seu pulso constante. Um lembrete de que, mesmo em pleno século XXI, nosso planeta guarda segredos ainda longe de serem revelados.
Esta post foi modificado pela última vez em 1 de setembro de 2025 21:08