Na noite do eclipse lunar total de setembro de 2025, um fotógrafo na China capturou muito mais do que a "Lua de Sangue" no céu. Crédito: Jeff Dai - Instagram
Conforme noticiado (e transmitido ao vivo) pelo Olhar Digital, mais da metade do planeta Terra pôde testemunhar um eclipse lunar total neste domingo (7). Na ocasião, muitas pessoas aproveitaram para registrar o evento (veja algumas imagens aqui). Foi o caso de um fotógrafo na China, que obteve uma das capturas mais espetaculares já vistas do céu.
“Quando o eclipse lunar entrou na fase total, fiquei impressionado com a visão diante de mim”, relatou o astrônomo amador Jeff Dai no Instagram. “A Via Láctea ficou extremamente brilhante durante a totalidade.”
Na postagem, ele conta que queria vivenciar a grandiosidade de um eclipse lunar total no ambiente “mais natural e escuro possível”. Então, viajou para o Observatório Astronômico de Lenghu, na província chinesa de Qinghai.
Situado a 4.200 metros de altitude, no Planalto Tibetano, o observatório de Lenghu foi considerado um local de observação astronômica comparável aos melhores do mundo por um artigo da Nature publicado em 18 de agosto de 2021.
“Nesta imagem panorâmica, costurada a partir de várias fotos, a luz zodiacal e o gegenschein são surpreendentemente visíveis. Perto do horizonte, o brilho atmosférico também pode ser visto – era realmente incomparável”, descreveu Dai.
Luz zodiacal (também chamada de ‘falso amanhecer’ ou ‘falso anoitecer’) é um dos fenômenos mais sutis e belos do céu noturno. De acordo com a plataforma Starwalk Space, trata-se de um brilho difuso em forma de cone que se projeta a partir do horizonte, causado pela reflexão da luz solar em partículas de poeira espalhadas pelo Sistema Solar.
Já o gegenschein (termo alemão para “contrabrilho), segundo o Observatório Europeu do Sul (ESO), “é formado quando poeira interplanetária na região exterior do Sistema Solar (de cometas e asteroides desfeitos) dispersa a luz solar que chega até a Terra”.
Em outras palavras, isso quer dizer que o fenômeno acontece porque a poeira interplanetária – formada por detritos de cometas e asteroides – reflete a luz do Sol. Essa poeira fica concentrada no plano da eclíptica, o mesmo caminho que os planetas percorrem no céu. Quando a luz do Sol atinge essas partículas, ela é dispersa de várias formas, mas no caso do gegenschein ocorre algo especial:
Muito semelhante a auroras, o brilho atmosférico (airglow) é produzido pela fotoquímica na atmosfera superior da Terra. O cientista espacial Scott Bailey, do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia (Virginia Tech), nos EUA, explica como o fenômeno (também chamado de “luminescência atmosférica”) ocorre:
“Existe uma camada de ar a cerca de 95 km acima da superfície da Terra onde duas formas de oxigênio se misturam: o oxigênio molecular (O2, o tipo de oxigênio que respiramos) e o oxigênio atômico (O, uma espécie reativa tóxica para as pessoas). Ambos são abundantes em uma zona extremamente fina a apenas 10 km de profundidade. O O2 colide com o O, excitando os átomos, que posteriormente relaxam emitindo fótons verdes.”
Como podemos notar, a intensa escuridão de um eclipse lunar total descortina detalhes do céu que normalmente escapam à nossa visão, tornando o espetáculo ainda mais especial e inesquecível.
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Nem todo eclipse lunar é igual. Dependendo da posição da Terra, do Sol e da Lua, o espetáculo pode assumir formas diferentes.
Quando ouvimos falar em eclipse lunar, logo pensamos na escuridão total proporcionada pela “Lua de Sangue”. Mas esse é só um dos tipos possíveis. Existem outras versões do fenômeno – que você pode conhecer aqui.
Esta post foi modificado pela última vez em 8 de setembro de 2025 10:17