Ciência e Espaço

Por que ainda não encontramos alienígenas? Resposta pode estar na nossa atmosfera

A existência de civilizações extraterrestres tecnologicamente avançadas pode ser muito mais rara do que se imaginava, segundo um estudo apresentado por Manuel Scherf e Helmut Lammer, da Academia Austríaca de Ciências, durante o Europlanet Science Congress e a reunião da Division for Planetary Science (EPSC-DPS), realizada neste mês em Helsinque (Finlândia).

De acordo com os pesquisadores, a evolução de vida complexa capaz de desenvolver tecnologia avançada depende de uma série de condições específicas que nem todos os planetas conseguem atender. Entre os fatores essenciais estão a presença de placas tectônicas, níveis equilibrados de dióxido de carbono e oxigênio e uma biosfera capaz de se manter estável por bilhões de anos.

Impressão artística do exoplaneta rochoso Kepler-168b, localizado na zona habitável (Imagem: NASA Ames/NASA/JPL–Caltech/Tim Pyle [Caltech])

Os cientistas explicam que o dióxido de carbono é necessário para sustentar a fotossíntese e evitar a fuga da atmosfera. No entanto, em excesso, pode tornar o ar tóxico ou aprisionar calor em excesso.

As placas tectônicas exercem um papel central nesse equilíbrio, já que regula os níveis de CO₂ por meio do ciclo carbono-silicato. Ainda assim, esse mecanismo não é eterno. “Em algum momento, dióxido de carbono suficiente será retirado da atmosfera de forma que a fotossíntese deixará de funcionar. Para a Terra, isso deve ocorrer em cerca de 200 milhões a aproximadamente um bilhão de anos”, afirmou Scherf em comunicado.

Outro requisito seria uma atmosfera dominada por nitrogênio e oxigênio. O oxigênio, em particular, é fundamental não apenas para a vida biológica, mas também para o avanço tecnológico. Segundo os autores, concentrações inferiores a 18% poderiam impedir o uso do fogo, elemento decisivo no desenvolvimento da metalurgia e, consequentemente, de ferramentas avançadas.

Cientistas explicam que o dióxido de carbono é necessário para sustentar a fotossíntese e evitar a fuga da atmosfera; no entanto, em excesso, pode tornar o ar tóxico ou aprisionar calor em excesso (Imagem: Ostariyanov/Shutterstock)

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Estrutura da pesquisa relacionando atmosfera e alienígenas

  • Os pesquisadores criaram modelos comparando a duração de biosferas com diferentes composições atmosféricas e o tempo estimado necessário para a evolução de civilizações avançadas;
  • Os cálculos indicam que, caso exista uma sociedade tecnológica na Via Láctea, a mais próxima estaria a cerca de 33 mil anos-luz da Terra;
  • Além disso, para que houvesse qualquer chance de coexistência com a humanidade, essa civilização teria de sobreviver por ao menos 280 mil anosou muito mais.

Na prática, a probabilidade de duas civilizações inteligentes coincidirem no tempo e no espaço dentro da galáxia é extremamente baixa. Ainda assim, os cientistas defendem a continuidade das buscas, especialmente por meio do Search for Extraterrestrial Intelligence (SETI).

Cálculos indicam que, caso exista uma sociedade tecnológica na Via Láctea, a mais próxima estaria a cerca de 33 mil anos-luz da Terra (Imagem: Allexxandar/Shutterstock)

“Embora ETIs [inteligências extraterrestres] possam ser raras, há apenas uma maneira de realmente descobrir, e isso é procurando por elas”, afirmou Scherf. “Se essas buscas não encontrarem nada, nossa teoria se torna mais provável; mas, se o SETI encontrar algo, será um dos maiores avanços científicos já alcançados, pois saberemos que não estamos sozinhos no Universo.”

Esta post foi modificado pela última vez em 24 de setembro de 2025 23:53

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Publicado por
Rodrigo Mozelli
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