Cometa interestelar 3I/ATLAS está prestes a ser atingido pelo vento solar. Crédito: Imagem gerada por IA/Gemini
Na última semana, o cometa SWAN (C/2025 R2) quase teve sua cauda arrancada por uma rajada de vento solar. Esse tipo de desconexão é comum em cometas que cruzam o caminho de algum fluxo de material ejetado pelo Sol. Mas, em todos os casos conhecidos, o objeto afetado era nativo do Sistema Solar. Por isso, não se sabe o que aconteceria se a “vítima” fosse um visitante interestelar – mas podemos estar prestes a descobrir.
Em toda a história da observação astronômica, foram detectados apenas três objetos vindos de outras partes da nossa galáxia, a Via Láctea. Primeiro, o asteroide ‘Oumuamua, em 2017. Dois anos depois, o cometa Borisov. E, este ano, o cometa 3I/ATLAS, descoberto em julho.
Nenhum deles foi atingido por ejeções de massa coronal (CMEs), que são jatos de plasma e campos magnéticos disparados por erupções solares. Pelo menos, não até agora. De acordo com um modelo de previsão da NASA, uma CME lançada na sexta-feira (19) vai golpear o 3I/ATLAS nesta quarta (24) ou quinta (25), fornecendo a primeira oportunidade para os astrônomos investigarem esse tipo de impacto.
Esta realmente é uma chance única, principalmente por dois motivos. Primeiro porque dentro de pouco tempo, o objeto deixará de ser visível para a Terra, já que estará do outro lado do Sol a partir do início de outubro, enquanto se dirige à aproximação máxima com o astro (ponto chamado de periélio), prevista para dia 29. Além disso, o brilho do cometa aumentou cerca de 40 vezes desde o começo deste mês.
Em 17 de setembro, os astrônomos amadores e astrofotógrafos austríacos Gerald Rhemann e Michael Jäger, conhecidos por suas contribuições de cometas, tiraram a foto abaixo. A imagem confirma o considerável aumento de brilho, com a alteração de 16 para 12 na magnitude do corpo celeste.
Quanto menor esse número, mais brilhante é o objeto. Para poder ser visto a olho nu, ele deve ter magnitude abaixo de 6 (em céus totalmente escuros) ou inferior a 2 (em céus com poluição luminosa, como de grandes centros urbanos).
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Segundo a plataforma de meteorologia e climatologia espacial Spaceweather.com, como o aumento de brilho ocorre em verde, isso mostra que, ao se aproximar do Sol, o cometa libera mais carbono diatômico, um gás que brilha nessa cor quando é atingido pela luz solar ultravioleta.
Portanto, nas próximas horas, a atenção de boa parte da comunidade astronômica estará voltada para o 3I/ATLAS. O impacto da CME previsto vai revelar como um visitante interestelar reage a uma rajada de plasma solar, o que pode desvendar segredos sobre a composição e a resistência desses corpos diante de forças extremas.
Esta post foi modificado pela última vez em 24 de setembro de 2025 07:38
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