(Imagem: Pedro Spadoni via ChatGPT/Olhar Digital)
Cientistas encontraram as primeiras evidências diretas de que o planeta Vênus abriga túneis de lava, formados pelo escoamento de rochas derretidas no passado. Esses túneis já eram conhecidos na Terra, na Lua e em Marte. Mas nunca tinham sido confirmados no planeta vizinho.
O achado surpreende porque os túneis de Vênus parecem ser muito maiores do que os da Terra. A descoberta foi feita por uma equipe da Universidade de Pádua, na Itália.
Os pesquisadores identificaram cadeias de crateras e alinhamentos de depressões que só podem ser explicados pelo colapso do teto de túneis de lava.
Segundo os cientistas, esses túneis podem estar entre as maiores cavidades subterrâneas de todo o Sistema Solar. Isso ajuda a ciência a entender como funcionou a atividade vulcânica e o ambiente de Vênus no passado.
Para investigar a superfície de Vênus, a equipe da Universidade de Pádua recorreu a imagens de radar e mapas topográficos coletados em missões anteriores.
Eles focaram em vulcões com mais de 100 quilômetros de diâmetro. E identificaram quatro conjuntos distintos de crateras alinhadas que não se encaixavam em explicações ligadas a falhas tectônicas.
Essas formações seguem o mesmo padrão de colapso já observado em túneis de lava na Terra, na Lua e em Marte. A interpretação é que o teto de túneis subterrâneos desabou, deixando marcas alinhadas na superfície.
O formato, a profundidade e a largura das crateras coincidem com o que se esperaria de túneis de lava. E diferem dos padrões criados por processos tectônicos. Isso reforça a conclusão de que se trata de um sistema subterrâneo vulcânico.
O que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o tamanho desses túneis subterrâneos. Segundo a pesquisadora Barbara De Toffoli, da Universidade de Pádua, os túneis de Vênus apresentam volumes “muito, muito grandes”, comparáveis aos da Lua, apesar de o planeta ter gravidade semelhante à da Terra.
Uma possível explicação está nas condições extremas do planeta. A combinação de temperaturas altíssimas e pressão atmosférica esmagadora pode ter influenciado a forma como o magma escoava e solidificava. Isso teria permitido a criação de estruturas subterrâneas muito amplas.
Nas palavras de Barbara, Vênus está “completamente fora da tendência” observada em outros corpos celestes – um indício de outros fatores influenciam a formação desses túneis.
A confirmação da existência de tubos de lava ajuda a reconstruir a história vulcânica de Vênus. Essas formações subterrâneas são como registros naturais, mostrando como o magma se movimentava e resfriava sob a superfície.
A presença de túneis tão grandes sugere que o planeta teve episódios intensos de atividade vulcânica, capazes de remodelar vastas áreas ao longo de sua evolução.
Além disso, os túneis oferecem pistas sobre a dinâmica interna do planeta. Eles podem indicar como o calor era dissipado do interior para a superfície e como a crosta respondeu a esses processos.
Para os cientistas, entender esses mecanismos é essencial para comparar Vênus à Terra. E compreender por que dois planetas tão parecidos em tamanho e posição no Sistema Solar seguiram caminhos tão diferentes em sua evolução.
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Apesar da descoberta, os cientistas destacam que as evidências atuais ainda dependem de observações indiretas. Para confirmar e mapear melhor esses túneis subterrâneos, será preciso o apoio de novas missões a Vênus.
Uma das principais apostas é a missão EnVision, da Agência Espacial Europeia (ESA), prevista para a próxima década. Ela levará a bordo um radar capaz de investigar em profundidade a crosta do planeta.
Com esse tipo de instrumento, será possível verificar não apenas a extensão real dos túneis, mas também sua estrutura interna e papel na atividade vulcânica.
Além de ajudar a explicar o passado de Vênus, essas informações podem revelar pistas sobre a evolução de outros planetas rochosos – por exemplo: a Terra.
(Essa matéria usou informações dos sites Futurism e New Scientist. Você pode conferir um resumo do estudo aqui.)
Esta post foi modificado pela última vez em 24 de setembro de 2025 15:47
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